Estou
na fila do pão no supermercado quando a moça da minha frente começa a
gesticular e falar na direção de um dos corredores:
Curioso
como sou olho para lá e vem vindo o seu marido, namorado, companheiro ou todas
as alternativas acima, então inicia-se o seguinte diálogo:
-
Vem amor, vou comprar pãozinho – referindo-se aos cacetinhos. “Quantos eu
compro? Dois?”.
-
Não, compra uns dez!
-
Dez não! Então quatro!
-
Mas eu to loco de fome amor... Então
compra seis...
A
balconista interfere:
-
Boa noite. Às ordens...
A
moça então faz o pedido:
-
Me da cinco destes... Pãezinhos.
Não
pude conter o riso, disfarçado é claro, pois foi muito divertido. Não chegou a
ser uma batalha, nem mesmo uma discussão entre o casal, mas neste suave e
singelo embate, marcado por várias expressões amorosas e demonstrações de
carinho, pode-se notar algumas nuances daquele relacionamento.
A
falsa candura da moça fingindo insegurança na compra e pedindo opinião, quando
na verdade já havia decidido comprar quantos pães achasse necessário.
O
rapaz, cedendo gentilmente aos argumentos dela, em prol da paz no lar, não sabe
que, na verdade cede aos poucos fatias generosas de um território que deveria
ser neutro e do qual ela aos poucos vai tomando posse.
Mas
é assim mesmo que funciona.
Somos
escravizados desde sempre e seremos até a eternidade, pois somos bons e
pensamos na família democraticamente, enquanto a mulher até aceita a
divergência de opiniões, desde que prevaleça a dela.
Outra coisa que me chamou à atenção foi o jeito como esta
moça se referiu aos pães. Todo mundo por aqui chama pãozinho francês de
cacetinho. Não tem outro nome. Na maioria dos lugares, se pedir pãozinho
francês vai acabar saindo de mãos vazias, mas ela não chamou de pão francês,
nem de cacetinho. Não chamou de nada. E o grande problema foi a pausa.
Aquela pausa foi fatal.
Por onde teria andado aquela mente criativa nos
breves momentos daquela pausa?
Sabe lá Deus... Ou não... Se for homem, provavelmente
nem ele saiba...
Desculpem as brincadeiras minhas amigas e principalmente
as mamães. Neste mês de maio, recebam todas as homenagens que lhes cabem com
muito orgulho e sem modéstia, pois geralmente são merecidas e em alguns casos
até insuficientes.
Feliz dia das mães e aquele abraço!
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