Cada
vez que eu leio ou ouço alguma manifestação sobre salários de professores,
descaso com a profissão e a educação em geral, alguma coisa parece que não
encaixa.
Por
mais que tenha razão salientando a importância do professor na formação de
seres humanos completos, além de alfabetizados e formalmente educados, por mais
que os argumentos estejam embasados em pesquisas e que seja de senso comum a idéia
de que a profissão devesse ser melhor remunerada, parece que ainda falta alguma
coisa neste discurso.
As
peças não se encaixam como deveriam.
Eu
não sou muito novinho, e lembro que as professoras do meu tempo nunca ganharam
muito bem. Todas trabalhavam o dia todo na escola e viviam chorando as mágoas. Tinha
professora boa e professora ruim, assim como serventes boas e ruins, e alunos
bons e ruins.
Tinha
o aluno comportado e o endiabrado, um mais marginal, outro que sofria bulling, apesar de isso não existir
naquela época, enfim, tinha tudo o que tem hoje, porém em uma escala menor,
tanto em volume quanto em intensidade, mas a coisa fluía de uma forma ou de
outra.
Bem
ou mal, as professoras controlavam o ímpeto dos alunos com a autoridade que
lhes era natural pelo respeito que tínhamos por elas, respeito este que nos era
ensinado em casa. Respeito
pelos pais, pelos professores, escola, família, instituições em geral.
Professor
sempre ganhou muito mal, assim como a maioria dos trabalhadores. Pedreiro,
motorista, policial, gari, bancário, quase todo mundo ganha mal. Bancário então
nem se fala, como ganham mal os coitados, mas não é esse o ponto.
Me
parece que a desvalorização dos professores apenas se reflete no salário. Começa
muito longe da escola, nas casas e nas famílias que criam crianças egoístas e
mimadas que levam para a escola, assim como antigamente, os hábitos, as manias
e o comportamento tolerado em casa, só que antes era o respeito, agora é o
descaso.
Hoje
em dia respeito é um conceito muito vago e cada vez mais raro.
Não
é qualquer um que merece respeito. Professores serão respeitados ou não de
acordo com uma série de variantes que deveriam ser irrelevantes, mas o
comportamento das crianças baseia-se no conceito que recebem direta ou
indiretamente dos pais e da sociedade em geral.
Repito,
acho que professores deveriam ganhar muito mais do que ganham, em qualquer nível,
mas creio que esta valorização passa por uma mudança no nosso comportamento.
Devemos
tratar a educação e os agentes dela com o respeito que merecem. Não só no
discurso eleitoreiro ou na fila do banco comentando a greve do magistério. Em
casa, quando falar com seu filho, quando ouvir as queixas dele com relação ao
professor, nas reuniões no colégio ou no perfil do Face, lembrar que o professor é uma pessoa e que merece ser
respeitado e admirado, pois escolheu esta profissão não só para ensinar esta ou
aquela matéria, mas para ajudar na sua formação como cidadão.
Aquele
abraço!
2 comentários:
Hoje em dia tenho pena dos professores mais em função do desrespeito dos alunos....
PQP !!! Essa juventude está foda !
No meu tempo era a conversa ou bagunça q incomodava..
Hoje aluno bota dedo na cara de professor e se bobear ameaça....
Não tem mais SOE nas escolas ? Me fez bem qdo precisei um "puxão de orelhas" !
Mas tá faltando mesmo o SOE em casa !!!!!
hehehehe....
Abração !
Poti, prezado, eu acrescentaria meu pitaco, se me permites, considerando a experiência com meus filhos na escola pública. Eu vejo o modelo escolar como uma coisa muito antiquada. Essa escola de hoje não tem condições de prender a atenção das crianças. Meus dois filhos só conseguem rendimento escolar se tomarem Ritalina. Os dois são bem inteligentes, mas temos que ficar em cima para fazerem as tarefas da escola. Conversando com outros pais, eu soube que isso não é só comigo. Sem Ritalina, nada feito. Na escola, os orientadores me dizem que o problema é a hiperatividade da criança. Acho que o problema é esse modelo escolar do século XIX. Olha que estou sendo generoso: deve ser um modelo do século XV. Não é questão de orçamento do Estado. Não precisa alta tecnologia. Tá faltando é criatividade para esse pessoal que elabora a educação. E tem professores que deviam procurar saber melhor da sua vocação. Pois lugar de robô é na fábrica. Eles não saem da mesma: exposição de matéria, um trabalho escrito, outro trabalho, prova e pronto. Se já era uma chatice no meu tempo, salvo alguns professores que realmente sabiam ministrar uma aula interessante, imagina para as crianças de hoje...
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