domingo, 24 de junho de 2012


Por que será que as coisas mais legais acontecem com a gente quando estamos sozinhos, sem ninguém para testemunhar?
Também tem coisas ruins, só que estas não contam. Melhor que ninguém saiba mesmo, mas as legais deveriam ser notórias, registradas em vídeo ou foto.
Muitas destas coisas legais acontecem em grupo ou em público. Aí, tudo bem, todo mundo ta vendo, se não todos, pelos menos alguém testemunha.
Por exemplo, dia destes estava tomando banho, sozinho, como de hábito e ao preparar para lavar o rosto, com os olhos fechados sob o fluxo de água do chuveiro, o sabonete me escapou da mão.
Saiu da mão direita numa trajetória ascendente desenvolvendo uma parábola para a esquerda em direção ao solo quando eu o aparei com a outra mão, a meio caminho do chão.
Com os olhos fechados!
É ou não um feito memorável?
Quantos cálculos e projeções foram processados no meu limitado cérebro naquela fração de segundo a ponto de saber a localização precisa do objeto no seu deslocamento?
Seria isso fruto de uma capacidade inata? Uma tendência à engenharia espacial? Quem sabe minha trajetória ocasional pelas ciências exatas em desenvolvimento de sistemas não tenha sido tão incidental assim.
Talvez os anos de prática em artes marciais orientais me tenham proporcionado esta visão além do alcance, e sem a Espada Justiceira.
Isso foi ninja de fato!
Quero deixar claro que meu desejo de documentar este feito nada tem a ver com tomar banho coletivo e deixar o sabonete cair. Nestes casos, se escapar o sabonete e não conseguir evitar a sua queda, melhor encerrar o banho e deixar o sabonete lá para o pessoal da limpeza.
Quer ver outra? Uma vez, quando criança, estava em casa, ao lado do tanque de lavar roupas, não sei fazendo o que, nem por que estava com uma faca na mão, nem é relevante para a narrativa.
De repente apareceu um marimbondo. Aquele da musiquinha “Marimbondo, bicho feio, pé redondo e ... vermeio”.
Bem, não sei de onde ele veio, nem o que eu fazia ali com a tal faca na mão, mas lembro que o decapitei em pleno vôo.
Claro, esta não é uma história muito bonita. Hoje em dia não faria tal coisa, mas naqueles tempos se matava tudo que não fosse animal doméstico. Ainda mais um marimbondo, tido como perigoso. Quase peçonhento.
Quando olhei para o chão lá estavam o corpo e a cabeça. Separados. Cirurgicamente separados. Contei isso no colégio, com o maior orgulho e ninguém acreditou.
É o que eu digo, a falta de fé vai acabar com a humanidade.
Espero que, pelo menos na história do sabonete vocês acreditem. A do marimbondo deixa pra lá. Até por que me arrependo dela. Acho que quando passar pelo céu dos marimbondos sofrerei as conseqüências...


Aquele abraço!