domingo, 18 de novembro de 2012

Corridinha



To dando a minha corridinha matinal...

Peraí, não contei isso ainda. Agora eu sou um atleta, ou um candidato a isso, e já faz mais de um mês. Pode parecer pouco para a maioria, mas para mim é muito.
Todos os dias eu espero o ônibus que leva a minha filha ao colégio, aceno para o motorista com aquela intimidade que só têm aqueles que se conhecem apenas “de vista” e começo o meu treino. Caminho até o campinho do parque Alim Pedro, aqui perto de casa, conversando com os vários cachorros da vizinhança, e ali na pista atlética dou minhas voltinhas.
Não é nada de mais. Algumas voltas correndo, intercaladas com uns pedaços caminhados.
De manhã, pelo menos agora na primavera é muito bom. O sol nascente aquecendo aos poucos, sem queimar a pele, o ar leve da manhã, o arvoredo, os passarinhos, ouvindo no rádio o meu amigo Beto Xavier e sua seleção musical sempre qualificada, enfim, tudo favorece.
A cada dia quando começo penso que desta vez não vou conseguir completar a série, mas vou indo, vou indo e quando me dou por conta já estou próximo do final, e assim, aos poucos vou melhorando meu condicionamento físico e mental.
Sempre tem um monte de gente correndo e caminhando, a maioria assim mais pra lá do que pra cá, como eu, velhinhos. Tem profissionais e amadores, tem gente com personal trainer, e eu me metendo entre eles.
Comprei até tênis de corrida, coisa que nunca tive na vida.
Bem, mas como ia dizendo, estou dando a minha corridinha quando passo por uma senhora exercitando sua caminhada de saia. Com tênis de caminhada, camiseta e saia. Claro que ela é bem mais antiga do que eu, mas fazer caminhada de saia? Cada uma... Sigo meu trote e passo por outra senhora, esta, aparentemente mais jovem caminhando em ritmo acelerado, mas de sapato. Ela veste um traje tipo aqueles terninhos que as executivas usam e sapatos.
Será que passou por ali, viu o pessoal se exercitando e, motivada resolveu caminhar assim mesmo? Quem sabe foi abduzida quando estava indo trabalhar e, largada ali, continuou caminhando em transe? Imagino que resolveu caminhar naquele dia de qualquer forma, despreparada, só que no outro dia ela está lá de novo, e no outro também, sempre do mesmo jeito, com a mesma roupa e o mesmo sapato. Tenho vontade de falar com ela. Perguntar por que motivo ela caminha naqueles trajes. Não tem dinheiro para comprar tênis? Está pagando alguma promessa? Se odeia e está tentando arranjar uma lesão?
Claro que não vou falar nada. Sabe lá o que pensa quando eu passo por ela correndo esbaforido, com meio metro de língua pra fora.
Sigo correndo e caminhando, passando por alguns, sendo ultrapassado por outros, cada um no seu ritmo, cada um com seus propósitos, e principalmente, cada um na sua. Gente normal que não está ali para impressionar, só tentando melhorar a vida. Sigo correndo e torcendo para que aquela senhora não se machuque e que eu consiga chegar ao final do meu treino.

Aquele abraço!