sábado, 21 de julho de 2012

Sono


Quem ronca é sempre o que dorme primeiro.
Um adormece, o outro não, aí o que está dormindo começa com leves ressonâncias e o outro que já está com o ouvido calejado por inúmeras noites semi-insones não consegue desligar daquele ruído, por menor que seja, e por menor que seja vai aumentando e aumentando...
Pelo menos na percepção do acordado, ou melhor, da acordada, porque quase sempre é a mulher que não ronca, ou não dorme.
Isso tem um motivo óbvio. O homem chega cansado, depois de se matar em um dia duro de trabalho, aí quando vai para o leito, deita e dorme. Já a mulher fica em casa o dia todo, só fazendo tricô, cuidando dos filhos e fofocando com as vizinhas. Claro que quando vai deitar não está cansada e demora a adormecer. Isso quando não quer “coisinha”...
Calma!
Eu sei que o trabalho de dona de casa é muito duro, e que nos dias de hoje todas as mulheres trabalham fora, e que vocês foram injustiçadas por muito tempo, e que isso é passado. Nossos antepassados pensavam assim.
Só fiz esta brincadeira para vermos como a mulherada sofre com este problema desde o começo dos tempos.
Estou usando o exemplo de um casal heterossexual, como era o padrão antigamente. Um casal de mulheres não deve ter este problema, já um de homens...
Eu não sofro com este problema, ou seja, estou do outro lado. Sou o que dorme.
Um dos meus irmãos já fez tratamento, cirurgia no palato, usou aparelho para dormir, e nada funcionou. Hoje em dia ele não tem mais este problema. Está separado. Agora ele dorme tranquilamente e pode roncar à vontade.
A minha patroa, a Bianca, quando a gente começou há alguns anos achava lindo o meu “ronquinho”, depois começou a comentar com certo tom de desagrado que havia acordado durante a noite. Hoje em dia ela me acorda de madrugada, ou tenta me acordar, e faz muxoxo de manhã.
Já lhe mostrei casos piores, como o de um vizinho meu que ronca lá no apartamento dele e faz vibrar os vidros da minha área de serviço, mas o sofrimento das outras não abranda o seu. Saber que uma outra sofre não apenas com a insônia, mas também, provavelmente com dor de cabeça não faz com que ela suporte melhor meu suave ressonar.
Começo a pensar que isso realmente atrapalha o seu sono, mas ela está autorizada a tomar atitudes extremas para me fazer parar, desde tentar me virar “de lado” até tirar minhas cobertas no inverno, me derrubar da cama ou jogar água.
Quero aqui pedir desculpas publicamente. Por mais que o ronco seja involuntário, sei que uma noite mal dormida é horrível, ainda mais quando o sono é interrompido por um barulho de motor ao pé do ouvido.
Prometo que vou melhorar, ta amor?
Tudo pela preservação do sono de conchinha, mas o lance da água era brincadeira, viu?!?!


Aquele abraço!