domingo, 25 de julho de 2010

A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo...


Uns tomam coca light, outros zero.

Uns vigiam o peso, outros ganham.

Uns separam o lixo, outros reciclam.

Uns reciclam o lixo, outros digerem.

Uns segregam, outros agregam.

Uns condenam, outros conversam.

Uns observam, outros absorvem.

Uns contemplam, outros completam.

Uns navegam, outros aportam.

Uns viajam, outros racionalizam; mantém os pés no chão e a mente focada, o que não é o meu caso. Fico mais para viajante. Não fisicamente, mas um viajante mental, se é que da pra dizer isto.


Achei interessante o que uma prima-cunhada falou em um encontro familiar esses dias, ao ser questionada sobre qual refri beberia:


- Tem guaraná normal e Zero, qual tu prefere?

- Zero! Esta hipocrisia eu preciso manter... Respondeu ela sorrindo.


Foi apenas uma forma bem-humorada de dizer que, no fundo ainda mantinha a esperança e a confiança em si mesma. Que apesar de todos aqueles salgadinhos e docinhos, a determinação dietética jazia adormecida em algum recanto da sua alma.


Acho que é bem isso, né? A gente tenta e acredita sinceramente que um dia vai conseguir, seja o que for aquilo que ainda não conseguiu; emagrecer, parar de fumar, começar a dançar, separar o lixo, ser mais legal, menos trouxa, qualquer coisa que exija mais do que meter a mão no bolso e mandar trazer.


Temos a sincera convicção da força de vontade necessária, a determinação, a coragem, então começamos. Tomamos a iniciativa e seguimos todos os passos que sabemos necessários naquela direção para alcançar nosso objetivo. Estamos fazendo tudo certo, mas demora muito! Demora tanto que resolvemos dar uma checkada, e aí constatamos que, o que fizemos, mesmo com toda a boa vontade, não era bem o que deveria ter sido feito.


E agora? Desisto de tudo? Recomeço? Sento e choro?


Podemos ter a mesma atitude da Ana; relaxar e deixar pra continuar mais tarde, mantendo a postura e a esperança. Podemos enlouquecer e desistir de tudo, mandar tudo às favas. Podemos parar para avaliar os erros e acertos, e começar tudo de novo; com tranquilidade ou mesmo no desespero. Cada pessoa reage à sua maneira, independentemente do tipo de situação ou da gravidade dela.


Particularmente, prefiro relaxar e decidir com serenidade e sabedoria. Óbvio que, na maioria das vezes a sabedoria fica pelo caminho, mas a serenidade eu costumo manter. Relaxa, respira fundo, alinha a coluna e vam’bora...


Aquele abraço!


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Metamorfose Ambulante


À partir dos anos 80, com o advento da Abertura Democrática e o enfraquecimento da ditadura, os movimentos sindical e estudantil, assim como a sociedade em geral, aos poucos foram recobrando sua força e retomando seu antigo ímpeto batalhador; mudando de atitude, reaprendendo a reivindicar seus direitos e cobrar os deveres do estado. Neste cenário, onde os movimentos de esquerda ganhavam cada vez mais força com o (re)aparecimento de partidos e centrais sindicais, o povo ganhou voz, personificado em alguns líderes.

À medida que estes líderes sindicais ou políticos cresciam e ganhavam força, a mídia oficial intensificava campanhas difamatórias contra eles.

Algumas expressões até então pouco usadas tornaram-se de uso comum. Por exemplo, estas pessoas que apareciam lutando pelos direitos do povo, dos trabalhadores, dos sindicatos que representavam e mais tarde nos partidos políticos que criaram ou aos quais passaram a pertencer, foram rotulados como “radicais”. Os radicais de esquerda, os sindicalistas radicais, ativistas radicais e mais um monte de “radicais” por aí.

Os meios de comunicação em geral sempre usaram analogias negativas associadas ao adjetivo “radical” e isto foi sendo fixado de tal forma que hoje em dia se alguém for reconhecido como tal, pode ter sua integridade física ameaçada.

Ouvindo Raul Seixas, Metamorfose Ambulante, lembro de uma frase dita por uma professora em um debate que assisti na TVE. Não lembrarei o nome dela, nem da apresentadora, muito menos do programa, pelo que peço desculpas, mas lembro da mensagem. Ela dizia mais ou menos assim: “Me criticam por ser radical. Eu assumo e afirmo que devemos ser radicais nas nossas convicções; o que não podemos é ser intransigentes.”

Intransigência é quase um crime. Sequer considerar a opinião alheia, ter razão sempre; acima de tudo e de todos.

Sejamos radicais, portanto, na luta por nossos ideais, nossos direitos, nossos sonhos, no combate à corrupção, ao abuso, a tudo que nos seja prejudicial, enquanto indivíduo ou coletivo. Radicais na busca da nossa realização pessoal, profissional ou social; radicais no amor à família, ao próximo, ao ser humano, à natureza, ao país, mas nunca intransigentes, intolerantes com quem nos é contrário ou nos prejudica. Saibamos respeitar opiniões, por mais diversas ou divergentes que sejam.

Vivamos esta metamorfose constante em busca do aperfeiçoamento, do crescimento, do amadurecimento; transformando idéias, evoluindo, crescendo...

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás. Hay que radicalizar, pero, sin perder la razón, jamás".


Aquel abrazo!