segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Até breve...




"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".



Moacyr Scliar ( Porto Alegre, 23/03/1937 - 27/02/2011)

Neste momento não me atrevo a escrever, apenas agradecer pelo tempo que nos deu.
Que esteja em paz com os muitos amigos que o receberão.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A tristeza de virar a página


Comentei dia desses, meu hábito de leitura do jornal dominical, bem como o método que utilizo. Citei, sem nomear, os colunistas do jornal e admiti a influência que um destes colunistas, pelo modo como escreve e transmite suas idéias, tem no meu modo de escrever e desenvolver minhas idéias. Vali-me de uma de suas crônicas para desenvolver um dos meus arremedos de crônica. 

Dias depois ele sofre um AVC enquanto convalescia de uma cirurgia.

Neste domingo, mais uma vez me peguei entristecido, depois de ler a coluna do Veríssimo, pois sabia que ao virar a página não encontraria mais sua foto sorridente e um de seus textos.
Textos que aguardava ansiosamente durante a semana. 
Textos aos quais me acostumei e aprendi a apreciar muito rapidamente.

Confesso que esta descoberta foi tardia, recente, mas tem justamente a pureza da descoberta, do acaso. Sem recomendações, sem elogios de terceiros. Simplesmente num belo dia me pego lendo a coluna do Scliar, gostando e me perguntando onde o haviam escondido por tanto tempo.

Da mesma forma, outro dia, ao acaso “ouvindo” televisão, fiquei sabendo da sua/nossa má sorte.

Não me vejam egoísta. Perdi meu pai recentemente em um evento parecido, porém fatal, e tenho esta dor ainda muito presente.

Lamento Moacyr Scliar pela pessoa que transparece em suas crônicas; solidarizo-me com a família pela dor que devem estar sentindo, e agrego às muitas pessoas que neste momento também torcem pelo seu restabelecimento e sonham com o seu retorno ao nosso convívio, mesmo sendo este apenas através de suas mensagens nas páginas de um jornal.
Inevitável, porém, o sofrimento enquanto leitor, pela falta que me faz o prazer dominical da leitura relaxante e estimulante de Moacyr Scliar.

Rezo para que retorne e me traga de volta a alegria de virar a página.


Aquele abraço.