quinta-feira, 28 de maio de 2009

Fascinação


Eu trabalho em um prédio no centro de Porto Alegre, junto à Praça da Alfândega. Minha sala fica no 13º andar e fui agraciado com um lugar na janela de onde posso ver o Guaíba, algumas ilhas, a movimentação dos barcos e aves aquáticas, alguns urubus e até papagaios; falcão, gavião, sabe la que bicho é aquele.


Claro, desconsidero as pombas, que estão na minha lista negativa por vários motivos.

Tem muitos prédios históricos; MARGS, Correios, Santander; a praça com o monumento a Osório e o chafariz que funciona quando tem algum evento ou eleição...


Preciso tomar cuidado, pois muitas vezes me pego distraído, olhando pra lá. Não que atrapalhe o trabalho. O serviço ta sempre em dia e tal, mas pode pegar mal ficar olhando o rio e viajando em horário de trabalho. Se o chefe ou algum colega de trabalho resolve se invocar...


Mal sabem eles que muitos dos problemas de lógica dos meus programas foram resolvidos conversando com o rio.


Ele nunca me disse nada. Nunca sugeriu alguma solução mirabolante pra algum problema. Talvez justamente por isso ele seja tão eficiente nessa ajuda. Não me da a solução, apenas me faz pensar.

Sem interferência.

Não me da o peixe nem me ensina a pescar. Fica ali na dele. Só na parceria...


Já trabalhei em muitos lugares e quase todos eram fechados ou com vista para uma linda parede.


Esse panorama, esse cenário, prende, inebria, entontece. É fascinação...

Regozijo-me por isso. Considero um salário indireto.


Tem o prédio de um banco que atrapalha a visão do pôr-do-sol, mas nada pode ser perfeito, né?!?!


Aquele abraço...!!!



sexta-feira, 22 de maio de 2009

Quando olho no espelho...


Como passam os anos, exclama o escorregador da pracinha. Apesar do trocadilho entre orifícios e calendários, esta constatação é verdadeira quando refere à nossa efemeridade frente ao universo.

Nossa vida é um pum; sem fazer referência ao início do texto. Passa muito rapidamente, e também será lembrada por mais ou menos tempo, dependendo da intensidade. Refiro-me, claro à vida terrena.


Isso já foi falado muitas vezes e de muitas formas. Quanto mais o tempo passa, mais passa o tempo; menos tempo a gente tem e quando nos damos por conta, já passou de novo.


Sou essencialmente um saudosista. Gosto de lembrar os velhos tempos. Com saudades dos bons, nem tanta dos maus, mas sempre com aquela sensação gostosa e sofrida ao mesmo tempo.


Hoje em dia, quando olho pra trás, quanta coisa ja passou; quanta gente... Faria de novo? Faria diferente...?!?!


O meu amigo Carlos Couto falou uma vez na “radia” e eu achei legal: “Eu sou jovem há mais tempo”. Legal, Né? É assim que me sinto e me vejo. Não consigo andar muito vestido como um senhor da minha idade deveria, por exemplo. Não consigo deixar de gostar de rock&roll, jogar bola, trabalhar de ressaca, assistir a desenhos na TV, comer bobagens, namorar...

Não confunda isso com irresponsabilidade. Trabalho, pago minhas contas, educo meus filhos, e tudo o mais da vida adulta, mas tudo isso da melhor maneira possível. Feliz. Ou tentando ser...


Atualmente, na minha idade, tenho mais passado do que futuro, mas comparando o que esperava na juventude e o que vivo hoje; o quanto minhas expectativas foram frustradas, tanto pro bem quanto pro mal, acho que estou saindo no lucro. Os sonhos da adolescência ficaram logo ali adiante, assim como as previsões de um futuro pedregoso que até agora não se realizou.


A gente pensa que leva a vida, mas é ela quem nos leva.


Mas, tamo aí, dando tiro e levando...


Aquele abraço...!!!



sábado, 9 de maio de 2009

Escrever, escrever...


Essa história de escrever, de querer e tentar escrever muda a vida da gente.


Eu sempre gostei muito disso. Sempre me importei muito com a linguagem também. Seguir as regras de acentuação, pontuação e principalmente concordância.

Também tem que prestar atenção à contextualização. Não tem como não ser assim.

Eu até me permito uma linguagem mais popular, alguma gíria ou expressões chulas. Não seguir a norma culta, não ser muito rígido pra ficar mais próximo da maneira como falamos.

Uma linguagem coloquial.

Só que a gente tem que se preocupar, primeiramente em se fazer entender. Ser claro e objetivo. Desenvolver um poder de síntese e manter o foco.


Não é mole...!!!


Bem, mas não era nada disso que estava pensando quando comecei. Lembrava de como este novo hobby vem mudando meus hábitos e minha relação com as pessoas.

Me fiz mais observador, mais crítico. Das situações, das influências que sofro e a que me exponho. Das reações das pessoas aos fatos e até de mim. Do meu comportamento e da influência que exerço no meio.


É muito legal, porque isso me torna mais presente. Mais concentrado.


E o melhor de tudo: estou me sentindo bem feliz fazendo isso, e as pessoas estão gostando.


80% de aprovação!!!


Um irmão meu e meus filhos acharam “bem bom” e a minha namorada achou “lindo”.


Só quem criticou alguma coisa até agora fui eu.


Até agora...


Aquele abraço...!!!

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sexta-feira, 1 de maio de 2009

Adoro cachorro


Alguém aí já pisou em cocô de cachorro?


Na descida do carro, chegando naquela festa, todo arrumadinho. Sapato novo, felicidade total...

Meio atrasado ou em cima da hora, encosta o carro na última vaga que encontrou na rua, desce e opa... alguma coisa estranha.


Um colapso momentâneo ocorre no cérebro que recebe uma informação descontextualizada. Algo macio sob teu pé, onde deveria ser um piso sólido, rígido.

Aquela maciez, aquela cremosidade inesperada na noite escura...


Que que é isso?!?!


Numa fração de segundo teus neurônios e conexões funcionam enlouquecidamente tentando decifrar aquele enigma, equilibrar as informações que se desarranjaram, até que por outras vias começa a receber mais informações. Impulsos e sinais vindos de outro dos cinco sentidos, o olfato.

Aquele cheirinho de merda enfim é reconfortante, esclarecedor, nos tranqüiliza e enfurece...


Que..!?!? Merda??? Que merda!!!


Se for um sapato clássico, daqueles com solado de couro não teremos grandes problemas. Basta achar uma graminha por perto e com um pouco de sorte nos livramos de todo o incômodo. Mas se for um tênis, daqueles cheio de voltinhas, muito provavelmente a tua noite estará comprometida; porém, pense positivamente, poderia ter sido na volta...


Entrando no carro e pisar naquilo. Liga o carro e sai rápido pra evitar assaltos e sobressaltos. De repente sente aquele cheirinho. Começa suave como um chucrute e aos poucos vai se tornando uma bomba de gás mostarda. Quando tu consegue parar o carro e acender a luz pra ver o estrago já é isso mesmo, um estrago. Os pedais, carpetes, às vezes até as laterais, tudo cagado...


Tenho passeado muito com a cadela da minha mãe (...) humpf... como vocês pensam bobagens... Tenho passeado muito com o cão fêmea de propriedade de minha mãe, e nessas caminhadas vejo cocôs abandonados por toda parte.


O que faz uma pessoa de classe média alta, teoricamente instruída e socialmente ativa agir desta forma?

Quem tem cachorro e precisa caminhar com ele sabe que o ato defecatório canino apesar de rápido não é instantâneo. É preciso fazer uma parada. O bicho da uma encurvada e faz aquele esforço. Leva um tempinho, e o dono fica ali paradinho esperando, assoviando, olhando as nuvens e com a visão periférica conferindo as imediações pra ver o tamanho do mico que ta pagando. Aí o bicho sai, da uma esgravatada e o dono sai caminhando, bem faceiro com seu cão aliviado, deixando ali ao léo aquela boseira... esperando um pé incauto...



- JUNTA ESSA MERDA...!!!


Em alguns bairros existem dispensadores de sacos justamente pra isso. Se não tem, pode levar um saquinho no bolso. Eu prefiro usar uma folha de jornal à embalagem plástica. Usando o saquinho a gente eterniza um material orgânico que na natureza desapareceria em alguns dias. Vai ficar até o fim dos tempos dentro daquele saco.


É fácil, extremamente fácil. Fico prestando atenção aos movimentos da cadela e quando ela da aquela encaixada no quadril e faz aquela cara eu coloco a folha ali embaixo. Depois é só enrolar e colocar em algum lixo orgânico.


Nojento?


Pior que deixar aquela coisa na calçada?


Nojento, mas é meu. Não o cocô, mas o cachorro, ou a cadela e ninguém tem nada que ficar à mercê dos humores intestinais dela...



Aquele abraço...