sábado, 22 de dezembro de 2012

Sonho de Natal



Acordou no meio da noite ouvindo ruídos estranhos pela janela do seu quarto. Seriam sinos? Não, já era madrugada e não havia igreja, escola ou bombeiros por perto. Onde mais poderia haver sinos?
Devia estar sonhando...
Ouvia um farfalhar de tecido misturado com papeis. Algo indefinível àquela hora e naquele estado de torpor tentando voltar a dormir. Permaneceu com os olhos fechados tentando ignorar.
Sabia que era madrugada pois ainda estava escuro e havia deitado muito tarde, e agora aquilo... escolhera morar em um andar alto no centro da cidade para evitar os ruídos normais nas noites de condomínios ou bairros residenciais.
Havia também o som de vozes. Uma voz mais forte resmungava e outras vozes menores argumentavam. Teria ele vizinhos novos e bagunceiros a ponto de acordá-lo no meio da noite?
Cavalos... Abriu os olhos. Cavalos? Ao lado da sua janela no 17º andar? Estaria sonhando que estava acordado pensando que estava sonhando? Não. Estava acordado, e quanto mais desperto ficava, mais nítidos iam se tornando os sons.
Abriu a janela disposto a passar uma descompostura naqueles mal educados. Onde já se viu, no meio da noite fazendo barulho com sinos, conversas, pacotes e suas renas...
- Até que enfim! Pensei que ficaria mais 20 anos esperando tu abrir essa janela. – Aquela voz de trovão ecoou na sua cabeça por alguns momentos que pareceram longos demais.
- Papai Noel?
- Olha, não me chamando de santa, pode chamar do que quiser, mas Noel ta bom. Eu tenho um brinquedinho aqui pra ti...
- Mas eu não pedi nada. Quer dizer, isso não pode. O Sr. não existe!
- A ta... Não vem com esse papo agora! Olha, não vamos entrar em polêmicas que eu tenho um monte de coisas pra fazer. Ta aqui o teu boneco do Esqueleto.
- Esqueleto? Mas eu pedi foi o He-Man e isso já faz quase 20 anos.
- Olha meu filho, a vida ta dura, o trabalho só aumenta, esses duendes estão cada vez mais difíceis de lidar, com sindicato e tudo o mais, tive que pegar um trenó menor porque uma ONG protetora de animais me acusou de maus tratos contra os animais, as pessoas não param de fazer filhos que por mais tecnológicos e céticos que estejam se tornando, quando chega o natal todo mundo resolve acreditar. A gente faz o que pode pra atender a todos, mas às vezes demora um pouco. Pega aqui o teu presente.
- Eu queria era o He-Man que eu perdi na lagoa...
- Faz o seguinte, escreve uma cartinha, mas não esquece, tem que se comportar e tirar notas boas. – dizendo isto pegou as rédeas e fez suas renas galoparem pelo céu.
Ele ficou ali parado na janela olhando para o nada, com seu brinquedo nas mãos e em seus ouvidos ecoando...

Ho, ho, ho... FELIZ NATAL!


Aquele abraço!