sábado, 3 de abril de 2010


Dilúvio


Alguém consegue passar pelo arroio Dilúvio sem notar e lastimar o estado em que se encontra? A cor da água, o acúmulo de lixo...

É triste ver aquela sujeira toda rolando nas águas que nascem limpas.

Isso mesmo; limpas.

Para quem não sabe, aquilo não é um valão, um esgoto a céu aberto. É um arroio, um riacho, que tem vertente de águas límpidas mas recebe além de esgoto, lixo e água de outros arroios não menos maltratados.

Recebe também desprezo, descaso... Causa asco e repulsa, mas ele é apenas mais uma vítima.

Vejo as garças espreitando por entre o lixo os poucos peixes que teimam em se reproduzir e desenvolver ali.

O Arroio Dilúvio é só um exemplo. Temos vários casos, uns piores que os outros. Se houvesse boa vontade e consciência das pessoas; se houvesse um pouco só de dedicação das autoridades ou dos meios de comunicação, poderíamos mudar a atitude da população de Porto Alegre com relação ao seu rio, suas águas e à sua própria saúde.

Gostaria de ver alguma coisa acontecendo. Não ações isoladas, mas programas de conscientização; investimento sério em saneamento, tratamento do esgoto e da água que vai para o arroio, pois esse lixo sólido não prejudica tanto a água.

Ta, uma dessas sacolas pode acabar no mar, matando uma tartaruga marinha, mas não é disso que estamos falando.

Tudo parte do mesmo princípio que é o desrespeito com a natureza e com a água (que vamos acabar bebendo), e acho que isto deveria ser combatido de todas as formas, olhado de todos os ângulos e discutido seriamente. Não adianta nada a prefeitura mandar limpar o arroio de vez em quando, fazer exposições com o material retirado de lá, criticar as pessoas que jogam lixo e fazer de conta que não sabe das toneladas de poluentes orgânicos e sintéticos que são jogados ali e no RIO Guaíba diariamente.

Um sofá jogado no arroio polúi apenas visualmente. É feio, mas não contamina a água. Pneu, sacola, garrafa, madeira; isso suja, pode entupir algum escoadouro, mas a poluição mesmo, aquela que prejudica a vida, essa raramente se ve a olho nu.

Quanto ao consumo, não adianta beber água mineral; em primeiro lugar, porque mesmo para água mineral existem “níveis aceitáveis” de impurezas; em segundo, porque escovamos os dentes, tomamos banho, almoçamos em restaurantes, comemos verduras e frutas regadas e lavadas com águas provenientes de rios poluídos, tratadas, mas também com “níveis aceitáveis” de coliformes fecais e outras impurezas, ou seja, estamos expostos de qualquer forma.

Sei que não adianta nada escrever sobre isso e ficar enchendo o saco, a menos que consiga despertar algum novo líder que nos guie à redenção ecológica, apenas não tolero hipocrisia, e acho que devemos ter consciência do nosso lugar e da nossa importância nesse mundo. Para o bem e para o mal.


Triste, muito triste, mesmo assim, aquele abraço...




Publicado no Blog SOS Rios do Brasil (http://sosriosdobrasil.blogspot.com/2010/03/sos-arroio-diluvio-porto-alegre-rs.html)

Um comentário:

lucia disse...

oi poti,
acho q vale a pena escrever sim!insistir!
aqui no Rio não é diferente, é dramática a situação! o q ficou mais evidente qdo fomos assolados pelas chuvas torrenciais!
só acredito numa solução pela educação, e
numa vontade política q desenvolva uma campanha intensa, diária, pela mídia televisiva!
continue!

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