Quando
era piá eu queria ser cientista. Daqueles que via nos filmes de ficção,
trabalhando de avental branco, no meio de um monte de tubos de ensaio, pepetas,
buretas e outras rimas e coisas fumegantes, ou então como outros que apareciam
entre computadores gigantescos com aquelas unidades de fita e muitas luzes
piscando.
Cientista
para mim era isso, esse cara. Mais tarde descobri que aqueles caras não
necessariamente seriam cientistas. Conheci muitos caras que trabalhavam assim e
eram auxiliares de laboratório e técnicos de informática.
Nada
contra técnicos, até porque trabalhei muito tempo em contato com aquelas luzes
piscantes, impressoras barulhentas, unidades de disco e fita, e assisti ao
desaparecimento gradual destes. O fato de o cara ser técnico não o exclui do meio científico, pois
ciência, como descobri bem mais tarde, é um termo muito amplo que abrange todas
as áreas do conhecimento.
Ciência,
saber, conhecer... Quando a ciência é exata, é uma barbada! Requer muito estudo
e dedicação. Muita inteligência, lógica, racionalidade, mas a partir do momento
que a pessoa sabe, sabe e pronto, afinal, é uma ciência exata. Ou quase...
Quando
caímos nas humanas é que o bicho pega, porque tentar entender o comportamento
humano e classifica-lo, por exemplo, é o maior pepino!
Todos
somos, de uma certa maneira, cientistas, pesquisadores, observadores do
comportamento. Buscamos, mesmo sem saber, conhecer e entender as pessoas com as
quais nos relacionamos, os grupos que nos rodeiam e que são de nosso interesse,
mas quando é que se pode dizer que conhece realmente uma pessoa?
Tem
uma frase pouco verdadeira que diz: Quer conhecer um homem (uma pessoa), dê
poder a ele. Realmente, neste caso, com o passar do tempo poderemos atestar a
sua sabedoria, sua honestidade, sua moral, ética entre outras características e
nuances de sua personalidade, mas isso é conhecer uma pessoa?
Trabalhamos
anos a fio com as mesmas pessoas e não sabemos nada deles além do seu
comportamento profissional e um ou outro detalhe da sua vida que nos é revelado
por descuido.
Criamos
nossos filhos, educando e amando com dedicação, prestando atenção ao seu
comportamento, orientando e indicando o caminho do bem e devemos ficar felizes
quando tornam-se pessoas íntegras, honestas, sinceras, mas não os conhecemos de
fato.
Convivemos
e dividimos nossa vida com uma pessoa. Sabemos muito dela, suas manias, algumas
preferências, mas não sabemos o que ela traz por dentro. Não de fato. Não a
ponto de fazê-la feliz por completo, de satisfazê-la em todos seus anseios, de
não decepcioná-la nem fazê-la sofrer.
Infelizmente
a vida é assim, os humanos adultos são assim, mas enquanto existirem pessoas
com humildade e sabedoria suficientes para admitir essas limitações a
humanidade tem chance, a ciência pode seguir avançando e criando aparelhos com
cada vez menos botões e luzes piscantes.
Aquele
abraço!
Um comentário:
Grande Poti! Sou teu fã, hein?
Segue nessa batida, que tá muito bacana. Abração
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