quinta-feira, 14 de março de 2013

Ciência

Quando era piá eu queria ser cientista. Daqueles que via nos filmes de ficção, trabalhando de avental branco, no meio de um monte de tubos de ensaio, pepetas, buretas e outras rimas e coisas fumegantes, ou então como outros que apareciam entre computadores gigantescos com aquelas unidades de fita e muitas luzes piscando.
Cientista para mim era isso, esse cara. Mais tarde descobri que aqueles caras não necessariamente seriam cientistas. Conheci muitos caras que trabalhavam assim e eram auxiliares de laboratório e técnicos de informática.
Nada contra técnicos, até porque trabalhei muito tempo em contato com aquelas luzes piscantes, impressoras barulhentas, unidades de disco e fita, e assisti ao desaparecimento gradual destes. O fato de o cara ser técnico  não o exclui do meio científico, pois ciência, como descobri bem mais tarde, é um termo muito amplo que abrange todas as áreas do conhecimento.
Ciência, saber, conhecer... Quando a ciência é exata, é uma barbada! Requer muito estudo e dedicação. Muita inteligência, lógica, racionalidade, mas a partir do momento que a pessoa sabe, sabe e pronto, afinal, é uma ciência exata. Ou quase...
Quando caímos nas humanas é que o bicho pega, porque tentar entender o comportamento humano e classifica-lo, por exemplo, é o maior pepino!
Todos somos, de uma certa maneira, cientistas, pesquisadores, observadores do comportamento. Buscamos, mesmo sem saber, conhecer e entender as pessoas com as quais nos relacionamos, os grupos que nos rodeiam e que são de nosso interesse, mas quando é que se pode dizer que conhece realmente uma pessoa?
Tem uma frase pouco verdadeira que diz: Quer conhecer um homem (uma pessoa), dê poder a ele. Realmente, neste caso, com o passar do tempo poderemos atestar a sua sabedoria, sua honestidade, sua moral, ética entre outras características e nuances de sua personalidade, mas isso é conhecer uma pessoa?
Trabalhamos anos a fio com as mesmas pessoas e não sabemos nada deles além do seu comportamento profissional e um ou outro detalhe da sua vida que nos é revelado por descuido.
Criamos nossos filhos, educando e amando com dedicação, prestando atenção ao seu comportamento, orientando e indicando o caminho do bem e devemos ficar felizes quando tornam-se pessoas íntegras, honestas, sinceras, mas não os conhecemos de fato.
Convivemos e dividimos nossa vida com uma pessoa. Sabemos muito dela, suas manias, algumas preferências, mas não sabemos o que ela traz por dentro. Não de fato. Não a ponto de fazê-la feliz por completo, de satisfazê-la em todos seus anseios, de não decepcioná-la nem fazê-la sofrer.
Infelizmente a vida é assim, os humanos adultos são assim, mas enquanto existirem pessoas com humildade e sabedoria suficientes para admitir essas limitações a humanidade tem chance, a ciência pode seguir avançando e criando aparelhos com cada vez menos botões e luzes piscantes.


Aquele abraço!


Um comentário:

gustavo pessota disse...

Grande Poti! Sou teu fã, hein?
Segue nessa batida, que tá muito bacana. Abração

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