quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Houve uma vez um verão


               Bem legal a série de crônicas que a Zero Hora está publicando com as histórias de verões da infância de personalidades gaúchas. Pelo menos a primeira que foi a única que li. Achei boa a idéia, e as lembranças do Marcelo Canella me levaram direto aos meus verões de muitos anos atrás.
Não tínhamos casa na praia, não tínhamos carro, muito menos dinheiro para veraneios nas férias. A opção era excursão para Cidreira.
A saída de madrugada e a volta “de tardezinha”; o desconforto do ônibus comum, amenizado pela excitação do passeio.
De madrugada um cara imitou a “sirene” da polícia, e eu lembro que tive muito medo. Seríamos todos presos e torturados? Coisa de guri da cidade...
O ônibus parava no meio da viagem para o xixi. Aí era aquele monte de homens urinando no chão, nas plantas e no próprio ônibus.
A chegada à praia junto com outros ônibus. Pareciam milhares numa fila interminável. Todos alinhados junto aos cômoros de areia
Lembro de um leitão que saiu não sei de onde e que o meu pai perseguia pelas dunas. Foi tão hilário e marcante que a imagem permanece viva na memória. Muitas outras já se perderam.

 Da esquerda para a direita, meu irmão Jorge, minha mãe, meu pai, Seu Potiguara, 
meu irmão Luiz, minha tia Lira e o amigo da família Lelé (Luis Ilér). 
Eu como sempre, o centro das atenções.
Lembro também de uma vez em que ficamos na casa da tia Zilda e do tio Silas no Imbé, junto com os primos Urubatã, Pedro Paulo e Vera Lúcia. Ah... Agora sim estávamos veraneando. O luxo do gaúcho! Ainda mais em uma casa, com camas e família. Dava para se sentir um superstar.
A casa era próxima à lagoa, onde fizemos algumas expedições. Para meu espírito de explorador que se formava, aquilo era um mundo novo. Um universo inteirinho de novidades. Formas, cheiros e texturas inusitados. O medo e a excitação da descoberta elevando a adrenalina. Entre monstros aquáticos e os perigos da água traiçoeira nos aventurávamos naquele terreno lamacento e desconhecido.
Formas de vida estranhas iam aos poucos se revelando aos meus olhos curiosos. Todos monstruosos. Lagartos venenosos, camarões carnívoros, caranguejos gigantes assassinos que se escondiam no chão à espreita de humanos descuidados. Ficava só aquele furinho na lama. Graças à minha astúcia e à minha agilidade consegui escapar de todos eles.
. Um dia, fomos à praia em Tramandaí. Uma lonjura! Nunca caminhei tanto na minha vida, aí, quando chegamos lá era tudo igual. A mesma água, a mesma areia. Não entendi a razão daquele sacrifício.
Lembranças muito antigas, muito fragmentadas, mas que me levaram a um passeio delicioso ao passado, à infância cada vez mais longínqua.
Hoje em dia tudo mudou, mas quando chego à praia ainda me vejo aquele guri desmilinguido correndo em direção à água gelada.

Com minha mãe, Dna. Nilza à esquerda e minha tia Lirinha (Dna. Lira) à direita, 
e eu no centro sem dar muito trabalho ao cavalinho.

Aquele abraço!



5 comentários:

ALINA (NINA) disse...

EU ACABEI TE TE VER PEQUENO COM UM MACACÃO DE BRIM QUE TUA MÃE TE VESTIA COM TANTO CAPRICHO...
FICAVAS UM GURI MUITO BONITO NAQUELA E EM TODAS AS ROUPAS.MAS DO MACACÃO DE BRIM Ñ ME ESQUEÇO...

Anônimo disse...

Muito bom este teu texto. Lembrei de varias coisas tambem. ah! as excursões. Fui numa uma vez de Kombi. Que locura!? Nunca mais...Um texto um tanto quanto, nostalgico. Mas aproveitando, não consigo imaginar tu de macacão de brim...rsrsrs.
Do Sempre Amigo,
Rudinei M. Baptista

Anônimo disse...

Muito bom Bagual

Anônimo disse...

Lindo este teu texto. Lembrei dos velhos amigos e uma saudade muito grande da Lira. Como é b om ter alguém que traga á tona nossas lembranças.
Um grande abraço.
Elba

Fernando Pfeff disse...

Eu que ja morei em Santa Catarina, conheci as aguas cristailinas de lá,baías cariocas assumo... Não toco Cidreira por praia nunhuma. O unico lugar onde eu jogo canastra com adultos, dorminhoco com os piás e as histórias da minha infãncia se repetem como num verão que não terminou e nunca vai terminar. E viva o nosso mar de chocolate.

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