quinta-feira, 16 de julho de 2009

De gatos também...



Já contei essa história um dia num e-mail pro programa Cafezinho da rádio Poprock, de uma vez em que a minha gata, a Mimi, me agraciou com um lindo pardal de presente.

Ele estava meio quieto quando o vi, talvez por estar morto, mas devia ser uma gracinha se mexendo.

Gatos fazem isso. Eu já sabia, mas nunca tinha vivenciado essa experiência. No meu apartamento antigo, térreo, tinha o maior plantel de lagartixas desrrabadas do estado, quiçá do país, pois ela volta e meia entrava com uma pela janela. Trazia para brincar dentro de casa, talvez pra me mostrar, sei la. Algumas morriam, é verdade, mas a maioria ela deixava escapar e elas viviam um bom tempo pelo teto do apartamento, com aquelas caras de apavoradas e mochas de rabo, pois vocês sabem que a lagartixa tem essa particularidade, quando se sente ameaçada ela solta o rabo que fica saltitando e se retorcendo, distraindo o predador, propiciando a sua fuga.


Pois bem, ela fazia dessas coisas. Um dia foi um sapo. Tomei um cagaço com aquele bicho morto no meio da sala; outro dia foi um camundongo, mas este ainda estava vivo e consegui salvá-lo. Muitos pensarão que eu devia tê-lo matado, mas se vocês vissem a cara dele... coitado. Por sinal, não fui eu a salvá-lo, e esta é mais uma coisa inusitada que vou contar, a minha namorada, a Bianca estava la em casa e junto com a minha filha, a Júlia conseguiu cercar o bichinho e colocar la na rua, pela janela. Até aí, tudo bem, mas o detalhe é que a Bianca pegou o bicho pelo rabo, na maior tranqüilidade soltando ele la fora. Elas não ficaram com medo dele!!! Quem já viu mulher sem medo de rato? Impressionante, não é?


Bom, voltando ao pardal, um dia acordei, ou melhor, fui acordado pelo rádio relógio e levantei daquele jeito, meio zonzo; sem acender a luz fui em direção ao banheiro e notei um vulto inerte no chão, bem na porta do quarto, em frente ao banheiro. Como já estava acostumado com essa mania da gata, acendi a luz já imaginando um sapo ou algo do gênero.

Qual não foi a minha surpresa ao ver ali o inanimado pardalzinho. Confesso que se a gata estivesse por perto teria feito alguma coisa bem horrível com ela, pois fiquei muito brabo.


Bem, não tinha muito que fazer; juntei o bicho e como ninguém reclamou o corpo, foi sepultado como indigente. Joguei no lixo. Voltei aos meus afazeres higiênicos e excretórios matinais, que não merecem maior detalhamento aqui e, do banheiro dei uma sacada no quarto. Na penumbra notei algumas coisas no chão. Um pouco pelo lusco fusco da falta de luminosidade, outro pouco pelo meu torpor matinal, aqueles volumes não tomaram uma forma definida na minha visão.

Poxa, não sou tão relaxado assim. Aquelas coisas pareciam bolas de pó, como quando se abre um sótão ou porão mal-cuidado. Acendi a luz para ver o que era...


A gata deve ter pressentido qual seria a minha reação, pois mais uma vez não estava por perto. O que eu via no chão do quarto era uma quantidade incrível de penas do malfadado pardal. Espalhadas pelo quarto, mas como pode aquele bicho ter tanta pena? Agora, pensando nisso me ocorreu que talvez fossem dois e ela tenha comido um e deixado o outro pra mim. Será? Putz...


Bom, la vou eu de novo, limpar a bagunça dela. Meu aspirador de pó estava quebrado, então peguei a vassoura para varrer as penas, ou melhor, tentar varrer. Duvido que alguém aqui já tenha tentado isso. Imaginem a insustentável leveza de penas e penugens de pardal.

A cada passada da vassoura elas esvoaçavam e caiam atrás da vassoura.

Não todas, é verdade, mas na próxima vassourada elas se revezavam e trocavam de lugar.


Que trabalheira! Mas eu adoro a minha gata. Ela é um barato e nos divertimos muito com ela, eu e a Júlia. Agora moro num apartamento no primeiro andar. Ela continua com suas excursões e esses dias me trouxe uma pomba, mas desta vez eu peguei ela “na tampinha” e fiz ela se arrepender dos seus instintos de felino.


Mudei há alguns meses daquele apartamento, quase um ano depois desse evento.


Na mudança foram encontradas várias penas de pardal, até debaixo do roupeiro, junto com os confetes de uma festa que a Júlia fez com as amigas no meu quarto, mas essa é outra história...







Aquele abraço...










Aliás, quem conhece e gosta do programa, pode ouvir uns “pingos de café” e prestigiar o meu outro blog, o Café em Gotas. Ta bem legal, eu juro.




2 comentários:

lucia disse...

muito divertida sua cronica!
tenho acompanhado vários blogs gaúchos,
mas como diz vc ao final,
"essa é outra história"
não entendo de felinos só de cães!
um pedido: educa a Mimi quanto aos passarinhos
agora, vamos combinar, ratos(irgh!), lagartos, lagartixas,
parabéns, ela cumpre muito bem sua natureza!
até, ana

Fields disse...

Poti, não fique brabo com o bichinho. Na verdade eles fazem isso para cooperar com a alimentação da casa, afinal ela que é a DONA de vocês (gatos raciocinam assim...).
p.s. tá bom esse blógui.

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