-
Prrrr...
-
O
que foi isso?
-
Como
assim?
-
Que
barulho foi esse?
-
Espera
que daqui a pouco tu vai saber.
-
EU
SEI o que foi isso. Foi um peido, só não to acreditando.
-
Espera
mais um pouquinho que já, já tu acredita. Aqui ele já ta
bem
convincente.
-
Não
vou esperar nada... (ligando o ventilador na direção dele),
que
falta de respeito!
-
Respeido?
-
Engraçadinho...
-
Minha
mãe sempre dizia isso...
-
Aposto
que não nestes momentos.
-
É,
realmente. Uma vez ela me deixou de castigo no banheiro até
que...
Bom, tu sabe.
-
E
tu continua falando como se isso fosse a coisa mais natural do
mundo.
-
E
não é? Todo mundo bufa, só que “alguns” são dissimulados,
colocam
a culpa no cachorro ou no catalizador do escapamento do carro.
-
Ai,
para! De novo com esse assunto? Tu sabe que eu jamais faria
isso,
ainda mais fechada dentro do carro.
-
Se
eu abastecer o carro com repolho e ovo pode ser que saia
aquele
cheiro do escapamento.
-
Como
tu é... Tentando virar o jogo pra disfarçar a tua cara de pau.
-
Eu
não to tentando disfarçar nada, muito pelo contrário. Pelo
menos
não foi debaixo das cobertas. Se bem que com esse frio até que esquenta um
pouco.
-
A
ta. Já chega quando tu faz isso dormindo. Agora vai atacar
acordado
também?
-
A
não! Dormindo não conta.
-
Conta
sim, ainda mais quando ta encostado na minha coxa...
-
Mas
é sem querer, amor... Vai dizer que não é bom? Quentinho...
-
Para!
Que nojo!
-
Ta
bom. Concordo que é nojento... Mas é bom!
-
Tu
não era assim. Quando a gente se conheceu eu não
imaginava
que um dia teria que passar por uma situação dessas.
-
Meu
Deus, que drama. Só por causa de um punzinho.
-
Não
tem punzinho, nem punzão. Para com essa história! Espero
que
isso não se repita, pelo menos não na sala e muito menos na minha frente.
-
Ditadora!
Não adianta. São os novos tempos. As minorias não
aceitam
mais viver reprimidas, subjugadas, amordaçadas. Tu não pode querer calar uma
manifestação legítima por liberdade.
-
Isso
é vandalismo, isso sim! Vai te manifestar no banheiro.
-
Ta
bom, mas presta atenção numa coisa...
-
O
que?
-
Prrrr...
Aquele abraço!