Crivo... Quem aí sabe o significado desta palavra?
Sabe que muito antigamente, lá pelos meados dos anos 70 do
século passado apareceu uma expressão entre a “magrinhagem”, quando alguém
estava sem cigarros pedia: Me passa um crivo. Tem até uma música que usa essa
expressão.
De onde será que veio isso? Crivo é, para encurtar a
história, uma coisa cheia de furos. Antes eu ouvia a expressão “crivado de
balas” e imaginava o cara cheio de balas, mas isso se refere aos furos causados
pelas balas e não às balas em
si. Crivo é também o nome dado àquela telinha que tem nos
confessionários, por onde passam as confissões dos sórdidos pecados cometidos
pelos fiéis de algumas religiões. Também pode ser uma peneira, e aí sim
chegamos perto do nosso assunto.
Dia desses passei por uma situação que me fez lembrar meus
tempos de estudo mais dedicados do kardecismo. Não vou contar o que me
aconteceu, mas comentar uma passagem interessante envolvendo o filósofo
Sócrates.
Conta-se que certa feita um homem esbaforido achegou-se a ele e
sussurrou-lhe aos ouvidos:
- Escuta,
na condição de teu amigo, tenho alguma coisa muito grave para dizer-te, em
particular.
- Espera, ajuntou
o sábio prudente. Já passaste o que me vais dizer pelos três crivos?
- Três
crivos? - perguntou o visitante, espantado.
- Sim, meu
caro amigo, três crivos. Observemos se tua confidência passou por eles. O
primeiro, é o crivo da verdade. Guardas absoluta certeza, quanto àquilo que
pretendes comunicar?
- Bem,
ponderou o interlocutor, - assegurar mesmo não posso. Mas ouvi dizer, então...
- Exato.
Decerto peneiraste o assunto pelo segundo crivo, o da bondade. Ainda que não tenhas
certeza do que julgas saber, será pelo menos bom o que queres contar?
- Isso
não. Muito pelo contrário, declarou o homem.
- Então
recorramos ao terceiro crivo, o da utilidade, e notemos o proveito do que tanto
te aflige.
- Útil não
é.
- Bem,
rematou o filósofo num sorriso, se o que tens a confiar não é verdadeiro, nem
bom e nem útil, esqueçamos o problema e não te preocupes com ele, já que nada
valem casos sem edificação para nós.
Quer dizer, quando ouvires algo sobre alguém,
especialmente se este de alguma maneira te é caro, passa tu mesmo o assunto
pelos três crivos de Sócrates para que não sejas injusto nem aceites searas de
desconfiança semeadas por outrem em tua consciência.
Traduzindo: Te liga! Nossa vida sustenta-se nas
relações. Amizades são construídas à longo prazo e seus pilares não devem ser
abalados por qualquer desconfiança ou maledicência.
Aquele abraço!
Um comentário:
Eu li. E essa dos três crivos é boa.
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