Pilotos
de motocicleta, em geral abominam a denominação “motoqueiro”. Exigem que quando
citados use-se “motociclista”.
Motoqueiro
lembra aquele cara arrojado, moleque, inconsequente, que faz manobras
arriscadas, anda em alta velocidade e se expõe a toda sorte de acidente ou
tragédia. Já, motociclista lembra uma pessoa mais consciente, centrada, careca, talvez um
contabilista, com calça de tergal, óculos, bigode, que pilota a moto com
cuidado extremo.
Há
também quem divida estes grupos entre os que trabalham com a moto e os que se
utilizam dela para lazer. Mas e se o cara faz as duas coisas? Se trabalha com a
moto e também se diverte com ela?
Nas
suas folgas deixa de ser motoqueiro e passa a ser motociclista? Entra em uma
cabine telefônica, troca de roupa e vira outra pessoa, com hábitos e
comportamento diferentes?
E
se o cara tem uma motoca para trabalhar e uma Motocicleta para lazer? Vai
pilotar cada uma de um jeito?
O
termo “motoca” surgiu lá pelos anos 70 do século passado para designar as
motocicletas de menor cilindrada que se popularizaram e tomaram conta das ruas.
Oras, se anda de motoca: motoqueiro!
Antes,
só existiam motocicletas, e antes ainda o que se chamava de motociclo, consequentemente
só existiam motociclistas.
Enquanto
as pessoas se perdem nesta discussão de semântica, sinonímia, conotação ou
denotação, eu vou andando de moto, cada vez mais livre, cada vez mais feliz.
Existe
uma grande diferença entre pegar a estrada montado na moto ou sentado no carro.
Não temos ar-condicionado nem som, em compensação, não temos engarrafamentos, e
a minha gata bem agarradinha em mim não é atentado ao pudor ou atitude
perigosa. Sofremos com chuva, frio, lixo, desrespeito, desconforto, em compensação... Bem,
deixa pra lá. Não tem explicação.
Dizem
que motociclista consciente é ex-motociclista. Não anda mais de moto, mas eu
não concordo. A gente anda, porque é bom, é rápido, fácil, econômico,
prazeroso... Só é um pouco perigoso, mas ninguém morre na véspera. Dá pra andar
de moto sem se arriscar, com cuidado e alguma paranóia.
Como
disse antes, não sei onde me enquadro, onde me enquadrarei ou onde me
enquadrarão. Motociclista, motoqueiro, tanto faz, até porque, além de não me
importar muito com opiniões, não gosto de rótulos, principalmente em mim, e não
me vejo em nenhum destes dois estereótipos.
Então
passei a me sentir total, com meu sonho de metal...
Aquele
abraço!