Sou desses que se mete em tudo. Não nos problemas dos outros, pelo menos não muito, mas em atividades, manutenções, invenções, funções em geral.
Não consigo ficar muito tempo parado, sem fazer nada.
Cabe aqui um parêntese esclarecendo que assistir a um filme, por exemplo, “é” fazer alguma coisa. Deitar na rede e ficar olhando as nuvens passando também é uma atividade interessante além de pouco desgastante.
Existem várias atividades às quais a gente pode se entregar por horas a fio, mas não é deste tipo de coisa que eu estava falando, falo de viver inventando coisas pra fazer, procurando sarna para me coçar, como dizia meu pai.
Acho que muita gente é assim, muitos de vocês (no plural, imaginando que mais de uma pessoa vai ler este texto), mas como eu sou a pessoa a quem conheço melhor, vou falar só de mim.
Agora, por exemplo, comecei a fazer cucas, bolos e afins.
Tudo começou com uma máquina de pão que ganhei do meu irmão. Descobri algumas receitas na internet e fui fazer meus pães.
Um pão d’água, um pão de leite, um pão doce, um pão de frutas... Todos ficaram muito bons, mas cuca não teve jeito. Não saiu nenhuma boa.
Sou um tanto exigente na hora de provar um doce e achar “bom”. Sem querer ferir suscetibilidades, posso dizer que sou filho do melhor confeiteiro que já houve, e isto me deixou assim, chato.
Ele foi como o Pelé. Insuperável na sua época, quiçá até hoje em dia, mas não vou afirmar isso para não entrarmos na mesma polêmica de Pelé x Maradona ou Vai x Satriani x Malmsteen.
É assim, eu provo, como, gosto, mas sempre tem a comparação. Mil folhas e sonho, principalmente. Acho que nunca mais comerei algo parecido. A menos que faça eu mesmo. Foi pensando assim que resolvi partir pra briga, em busca da cuca perfeita.
O meu filho gosta das cucas com recheios mirabolantes, com requeijão, ricota, mumu, entre outras coisas. É bom, mas prefiro a minha tradicional, sequinha e com passas.
Peguei várias receitas, errei algumas, mas acho que agora cheguei bem perto. Não ouso dizer que ficou perfeita, mas que ta bom, ta! Leve, sequinha, e com passas. Sem aquele exagero de farofa em cima.
A massa dava para mais cucas, então fiz uma de frutas cristalizadas e uma com Mumu para agradar aos vários gostos.
Sempre achei que o que faz diferença no teu trabalho é a maneira com o fazes. Não é a ambição, nem a pressão que te fazem trabalhar melhor, sim o gosto pelo que estás fazendo e a preocupação com o resultado daquilo, com o gosto que terá ao paladar, com a satisfação que dará a quem dele usufruir. Seja em que área for que trabalhes, ou qual for o resultado deste trabalho, que ele seja útil e que atenda da melhor forma possível ao público que dele se servir, mesmo que este público seja apenas uma pessoa, tu mesmo, por exemplo.
No dia da proclamação da república eu declaro a minha independência. Posso dizer que sou auto-suficiente em cucas, desde que encontre uma boa receita em algum blog.
Neste momento acabei de saborear uma fatia da minha cuca de passas e vou partir para mais uma. Talvez prove a de Mumu, mas já sei que não será a mesma coisa...
Aquele abraço!
Um comentário:
Poti, não sei fazer, mas fui criado comendo cucas. Acho que isto me credencia a dar alguns palpites:
1 - cuca é invenção da alemoada daqui, na Alemanha não existe;
2 - a original, como sabes e fazes, é a com farofa de açúcar. As seguintes foram com frutas locais como uva, abacaxi e outras mas nenhuma com passas, mu-mu ou requeijão;
3 - eram feitas em forno à lenha, mas acho que isto tu também sabes pois teu pai provavelmente fazia assim;
4 - as formas, de lata, eram com laterais baixinhas e por isto acredito que estas modernas máquinas de pão não servem.
Agora, cuca encontras até no BIG, claro que nunca iguais aquelas...
O que te desafio é a fazer um milfolhas daqueles com o recheio com creme ao run que nem os das padarias dos anos 60 ou das confeitarias Rocco ou Cestari. Eu comi.
Até hoje não resisto a um milfolhas, mas todos os que encontro são com aquele horrível creme feito com maizena.
Abraços.
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