Agora que estou às portas da melhoridade eventualmente me deparo com alguns problemas que se antecipam a ela.
Tirando uma dorzinha de vez em quando nas costas, joelhos, pescoço ou qualquer outra articulação, o resto ta tudo bem, entretanto algumas coisas começam a ficar mais difíceis, alguns objetivos mais distantes, algumas barreiras altas demais.
Vivemos tempos de grande evolução tecnológica que nos propicia conforto e facilidades, porém, em alguns casos ela só atrapalha. Por exemplo, não sei o que fizeram com a bola de futebol que ficou tão rápida. Muitas vezes não consigo alcançá-la. Os adversários também ficaram mais rápidos. Deve ser o tipo de calçado ou tomam alguma destas drogas modernas. Pra correr daquele jeito...
Os jornais e livros são outro exemplo desta modernidade que não ajuda. Eles sofreram alterações na sua edição. Creio que para economizar papel e tinta, diminuíram consideravelmente as letras. Textos que eu lia antes sem o menor problema, hoje em dia tornaram-se coisas minúsculas, difíceis de ler e que causam algum desconforto no braço. Se estiver lendo no ônibus, por exemplo, como fiz durante toda a minha vida, por vezes falta espaço entre os bancos para colocar o texto na posição certa.
Acho que foi o Veríssimo quem comentou uma vez ser uma sacanagem da indústria gráfica fazer livros infantis com letras enormes e livros para adultos com letras minúsculas. Deveria ser ao contrário.
Apesar de tudo eu resisto. Eu luto. Não vou me entregar tão fácil assim. Estou voltando a jogar bola. Não preciso correr tanto. Já conheço os atalhos.
Continuo lendo sem óculos. Pode ser desconfortável, mas cada livro ou jornal lido é uma vitória pessoal. Minha maior frustração vinha das bulas de remédio, mas agora a gente pode consultar pela internet, vocês sabiam? Vingança!
Ainda sou inexperiente em Viagra e afins, e pretendo continuar assim enquanto for possível, contando com a compreensão e o apoio da minha namorada em algum eventual tropeço. Não pretendo tingir os cabelos ou usar cinta pra diminuir a barriga. Continuo assistindo aos jogos em pé enquanto existir o Olímpico, pois parece que na Arena será obrigatório assistir sentado, enfim, não nego a idade. Vanglorio-me até, pois dizem que pareço ter apenas 49.
Procuro envelhecer com dignidade, mas enquanto puder evitar as “muletas” vou seguindo assim, caminhando e cantando e seguindo a canção.
Companheiros unam-se a mim na resistência. Lutemos!
Idosos unidos jamais serão vencidos...
Aquele abraço!