sábado, 11 de setembro de 2010

A Minha Tristeza


Onde eu morava? Mário Totta, nº 787. Ao lado da casa da Dona Nair.

Naquele tempo isso era uma referência importante, assim como o bar da minha avó. O Bar de Pedra, na esquina com a Wenceslau. A Dona Maria, mãe da minha mãe e a minha tia Lira moravam ali. Partindo do Bar de Pedra, a gente subia a Mário Totta, com seus plátanos gigantescos, passava pelo Beco do Geraldo e uma lombinha até chegar à nossa casa.

Olhando de fora parecia um casarão, mas na verdade eram dois casarões grudados. Casas geminadas (a gente dizia germinada), de um lado a nossa, do outro a Dona Nair, e eu me lembro de passar muito tempo na casa dela; uma das pessoas mais generosas, desprendidas e carinhosas do mundo. Sinto muitas saudades da minha velha.

Não sei se todas as casas geminadas são assim, mas aquelas eram como espelhadas. O banheiro de uma, encostado no da outra, as cozinhas, as pias, acho que para aproveitar o encanamento. No pátio, a área onde tinha o tanque de lavar roupas também; tinha um tanque de cada lado do muro; um muro alto de modo que a minha mãe, Dona. Nilza, não via a Dona. Nair enquanto elas lavavam roupas, mas isso não impedia que elas conversassem e colocassem as queixas e conversas em dia, mas sem fofoca, que a minha mãe nunca foi dada a essas coisas, muito menos a Dona. Nair.

Ela tinha um monte de filhos, e me chamavam de Nequinho. Vamos ver se lembro de todos: Marco Aurélio, Pão de milho, Piá, Lelé, Ana Maria, Elba e a Nina. Todos mais velhos que eu, e não importa o meu tamanho ou idade, ainda me chamam de Nequinho. Todos de doces lembranças.

Todas doces lembranças. Gente da minha vida, de tempos há muito idos, dos quais faço questão de lembrar. Às vezes passeando por ali, outras vezes deixando a memória e a imaginação correrem juntas e livres, me levando de volta para lá, para o meu próprio Sítio do Pica-pau Amarelo.

Queria que a velha casa estivesse lá ainda, mas já era. Ali onde agora está/ aquele adifício arto/ era uma casa velha, um palacete "geminado"...

Vou ali chorar um pouquinho e já volto...

Aquele abraço!!!

3 comentários:

Fernando Pfeff disse...

Eu ainda moro no mesmo lugar. Aliás, no apartamento que nasci com direito a parteira e tudo. (Isso rende um post e tanto) Bom... é só pra dizer que senti saudade do MEU IAPI através da tua Tristeza, mas as coisas boas que passamos na nossa infâncianinguém tira da gente.

Anônimo disse...

Bah, Poti! esta tua história me transportou p/ Rua Carlos Trem Filho, no bairro Auxiliadora.Onde passei boa parte das minhas férias na infância,era na casa "geminada" da minha tia Anita...a sombra de uma árvore "Chorão". Que lembrança boa!!!Parabéns pelo belo texto, com alta dose de nostalgia da infância. Um abração, Guri! Marta Forgiarini

ALINA (NINA) disse...

MEU QUERIDO NEQUINHO!! QUANTO CARINHO TENHO POR TI!! E PELA NOSSA TRISTEZA QUE SEMPRE FOI UMA "ALEGRIA" DEUS SABE O QUANTO ME EMOCIONO COM O CARINHO QUE DEMONSRAS PELA MINHA MÃE(DONA NAIR)TUA FAMILIA TBM ME MARCOU BASTANTE, TUA MÃE ME DEU BONECAS QUE EU AMAVA COMO CRIANÇA QUE ERA!!! MAS EU GOSTAVA MESMO DE ESTAR CONTIGO ME DIVERTINDO E ME SENTINDO MUITO IMPORTANTE!!! BJUSSS QUERIDO!!!

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