K’ung-fu-tzu.
Quando eu era criança havia
muita crendice sobre o ano 2000. Muitos de vocês devem ter nascido depois
disso, mas alguns vão lembrar. Era assim, “no ano 2000 vai acabar o mundo”, “vamos
andar em discos voadores”, “no ano 2000 vai andar todo mundo pelado”, “os
carros serão voadores”, e por aí vai. Lembro de um dia ter pensado assim, “Baaa,
no ano 2000 vou estar com 39 anos, vou ser velho quenem o meu pai”. Ehehehe
Isso era outra coisa de “antigamente”
(nem isso se diz mais). As pessoas pareciam envelhecer mais cedo. Os “velhos”
tinham 60, 70 anos. Até nas fotos, que eram poucas e em preto e branco, os
velhos não eram tão idosos assim, mas pareciam. Outra bobagem de piá que
lembrei agora falando das fotos, uma vez provoquei muito riso no meu pai quando
falei que não gostaria de ter vivido antigamente. Era tudo preto e branco...
Ahaha
Bom, tudo isso pra dizer que
sou velho. Já faz um tempo segundo meu parâmetro de “antigamente”. Passamos em
muito do ano 2000, já sou muito mais velho do que o meu pai era naquela época,
e não aconteceu nada daquilo, infelizmente. Principalmente a parte de andar
pelado.
Por que to falando da
infância? De novo... É que eu estava lembrando de como gostava de visitar o
trabalho do meu pai e ver ele produzindo. Ele era confeiteiro. Top! O melhor da
cidade. Tortas, bolos, mil folhas, biscoitos... Trabalhou na confeitaria
Copacabana no Mercado Público de Porto Alegre e é de lá que tenho as melhores
lembranças.
Alguns anos depois virou
budegueiro. Tinha uma lancheria e fazia sonhos. MEU DEUS! Que maravilha! Depois
que ele vendeu o bar fez sonhos só mais uma vez. Nunca mais fiquei feliz
comendo sonhos depois disso. Não tem igual.
Mas, voltando ao assunto,
nessa lancheria a gente fazia pastel. Ali aprendi a fazer a massa do pastel,
temperar e cozinhar o recheio, fritar os pasteis, colocar em exposição no
balcão, vender e o pior, não comer. Quantos anos eu tinha? Doze? Quatorze? Não
lembro nem vou perguntar pra mãe agora pra não perder o fio da meada (outra
expressão que vai deixar muita gente boiando (essa também. Ehehe)).
Será que começou ali a minha
história? O padeiro vem se formando em mim desde a infância? Pode ser, Né?
Sabe, sempre achei meio
forçado as pessoas dizerem amar suas profissões. Adorar trabalhar. Capaz...
Quem é que gosta de trabalhar? Por favor...
Hoje, se precisar acordar de
madrugada pra preparar uma fornada ou ficar até tarde preparando a massa para
assar no outro dia, é tudo muito leve, muito prazeroso.
“Encontre um trabalho de que
gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida”. Confúcio é O CARA!
Aquele abraço!