sábado, 18 de maio de 2013

Fim



Oi.
Precisamos conversar, mas ainda não posso me aproximar de ti, então escrevo-te.
Pode parecer cedo pra isso, mas, mais dia, menos dia teríamos que falar sobre nós, então que seja logo pra que possamos seguir com a vida.
Só me deixa falar, desabafar, eu preciso te dizer tudo isso que está preso aqui comigo já há um tempo.
A situação estava se tornando insuportável, com as pressões externas, a família, a sociedade e tal, e nestes casos é natural que a relação sofra um desgaste.
Não somos mais crianças. Há quantos anos estamos juntos? É quase uma vida, ou mais que isso se considerarmos a expectativa média de vida em alguns países da África.
Ta, eu sei que não estamos na África, mas descobriram o fóssil aquele africano que seria a mãe de toda a raça humana, então...
Tudo bem, desculpe. Vamos manter o foco. Olha só, isso está sendo mais difícil pra mim do que pra ti. Sei que a iniciativa foi minha, mas isso não quer dizer que eu esteja feliz.
Muitas vezes tive impulso de ir novamente ao teu encontro, mas me controlei. Não seria saudável e não nos levaria a nada. Melhor evitar qualquer contato, pelo menos nestes primeiros tempos. Ainda estamos muito machucados e a proximidade poderia ser dolorida.
Futuramente, quem sabe? Pode ser que daqui a alguns anos possamos conviver pacificamente, cordialmente, mas por enquanto não. Correríamos o risco de uma recaída, e isso nunca leva a nada. Nada de bom.
Sinto muito a tua falta. O tempo todo!
O companheirismo e a parceria de tantos anos...
Em outros tempos sairia correndo, mesmo de madrugada, na chuva, no frio. Nenhum sacrifício seria demasiado, desde que fosse ter contigo no final. E sempre foi prazeroso. Tenho certeza que seria novamente e para sempre, e todo o sempre, mas, eu não vou.
Desde que precisei me esconder para estar contigo nossa relação começou a ficar comprometida, mesmo assim, em alguns momentos bate a saudade.
Fico imaginando o reencontro, tomar-te nas mãos, sentir teu cheiro doce e inocente, sentir teu gosto em minha boca, te trazer para a minha intimidade e despidos de tudo, sem medo e sem vergonha acender teu fogo e te consumir até que te acabes.
Sorver, absorver, me matando um pouco também a cada tragada. Ao final de cada cigarro uma despedida, mas com a certeza do reencontro.
Ficamos assim então. Te abandono, por opção, enquanto tenho opção, e com a certeza de que é o melhor para todos.
Vou seguir minha vida longe de ti e espero que mais e mais pessoas consigam fazer o mesmo.


Aquele abraço!