Quem
ronca é sempre o que dorme primeiro.
Um
adormece, o outro não, aí o que está dormindo começa com leves ressonâncias e o
outro que já está com o ouvido calejado por inúmeras noites semi-insones não
consegue desligar daquele ruído, por menor que seja, e por menor que seja vai
aumentando e aumentando...
Pelo
menos na percepção do acordado, ou melhor, da acordada, porque quase sempre é a
mulher que não ronca, ou não dorme.
Isso
tem um motivo óbvio. O homem chega cansado, depois de se matar em um dia duro de
trabalho, aí quando vai para o leito, deita e dorme. Já a mulher fica em casa o
dia todo, só fazendo tricô, cuidando dos filhos e fofocando com as vizinhas. Claro
que quando vai deitar não está cansada e demora a adormecer. Isso quando não
quer “coisinha”...
Calma!
Eu
sei que o trabalho de dona de casa é muito duro, e que nos dias de hoje todas
as mulheres trabalham fora, e que vocês foram injustiçadas por muito tempo, e
que isso é passado. Nossos antepassados pensavam assim.
Só
fiz esta brincadeira para vermos como a mulherada sofre com este problema desde
o começo dos tempos.
Estou
usando o exemplo de um casal heterossexual, como era o padrão antigamente. Um
casal de mulheres não deve ter este problema, já um de homens...
Eu
não sofro com este problema, ou seja, estou do outro lado. Sou o que dorme.
Um
dos meus irmãos já fez tratamento, cirurgia no palato, usou aparelho para
dormir, e nada funcionou. Hoje em dia ele não tem mais este problema. Está
separado. Agora ele dorme tranquilamente e pode roncar à vontade.
A
minha patroa, a Bianca, quando a gente começou há alguns anos achava lindo o
meu “ronquinho”, depois começou a comentar com certo tom de desagrado que havia
acordado durante a noite. Hoje em dia ela me acorda de madrugada, ou tenta me
acordar, e faz muxoxo de manhã.
Já
lhe mostrei casos piores, como o de um vizinho meu que ronca lá no apartamento
dele e faz vibrar os vidros da minha área de serviço, mas o sofrimento das
outras não abranda o seu. Saber que uma outra sofre não apenas com a insônia,
mas também, provavelmente com dor de cabeça não faz com que ela suporte melhor
meu suave ressonar.
Começo
a pensar que isso realmente atrapalha o seu sono, mas ela está autorizada a
tomar atitudes extremas para me fazer parar, desde tentar me virar “de lado” até
tirar minhas cobertas no inverno, me derrubar da cama ou jogar água.
Quero
aqui pedir desculpas publicamente. Por mais que o ronco seja involuntário, sei
que uma noite mal dormida é horrível, ainda mais quando o sono é interrompido
por um barulho de motor ao pé do ouvido.
Prometo
que vou melhorar, ta amor?
Tudo
pela preservação do sono de conchinha, mas o lance da água era brincadeira,
viu?!?!
Aquele
abraço!