Por
que será que as coisas mais legais acontecem com a gente quando estamos
sozinhos, sem ninguém para testemunhar?
Também
tem coisas ruins, só que estas não contam. Melhor que ninguém saiba mesmo, mas
as legais deveriam ser notórias, registradas em vídeo ou foto.
Muitas
destas coisas legais acontecem em grupo ou em público. Aí, tudo bem,
todo mundo ta vendo, se não todos, pelos menos alguém testemunha.
Por
exemplo, dia destes estava tomando banho, sozinho, como de hábito e ao preparar
para lavar o rosto, com os olhos fechados sob o fluxo de água do chuveiro, o
sabonete me escapou da mão.
Saiu
da mão direita numa trajetória ascendente desenvolvendo uma parábola para a
esquerda em direção ao solo quando eu o aparei com a outra mão, a meio caminho
do chão.
Com
os olhos fechados!
É
ou não um feito memorável?
Quantos
cálculos e projeções foram processados no meu limitado cérebro naquela fração
de segundo a ponto de saber a localização precisa do objeto no seu
deslocamento?
Seria
isso fruto de uma capacidade inata? Uma tendência à engenharia espacial? Quem
sabe minha trajetória ocasional pelas ciências exatas em desenvolvimento de
sistemas não tenha sido tão incidental assim.
Talvez
os anos de prática em artes marciais orientais me tenham proporcionado esta
visão além do alcance, e sem a Espada Justiceira.
Isso
foi ninja de fato!
Quero
deixar claro que meu desejo de documentar este feito nada tem a ver com tomar
banho coletivo e deixar o sabonete cair. Nestes casos, se escapar o sabonete e
não conseguir evitar a sua queda, melhor encerrar o banho e deixar o sabonete lá
para o pessoal da limpeza.
Quer
ver outra? Uma vez, quando criança, estava em casa, ao lado do tanque de lavar
roupas, não sei fazendo o que, nem por que estava com uma faca na mão, nem é
relevante para a narrativa.
De
repente apareceu um marimbondo. Aquele da musiquinha “Marimbondo, bicho feio,
pé redondo e ... vermeio”.
Bem,
não sei de onde ele veio, nem o que eu fazia ali com a tal faca na mão, mas
lembro que o decapitei em pleno vôo.
Claro,
esta não é uma história muito bonita. Hoje em dia não faria tal coisa, mas
naqueles tempos se matava tudo que não fosse animal doméstico. Ainda mais um
marimbondo, tido como perigoso. Quase peçonhento.
Quando
olhei para o chão lá estavam o corpo e a cabeça. Separados. Cirurgicamente
separados. Contei isso no colégio, com o maior orgulho e ninguém acreditou.
É
o que eu digo, a falta de fé vai acabar com a humanidade.
Espero
que, pelo menos na história do sabonete vocês acreditem. A do marimbondo deixa
pra lá. Até por que me arrependo dela. Acho que quando passar pelo céu dos
marimbondos sofrerei as conseqüências...
Aquele
abraço!