quarta-feira, 28 de março de 2012

Balança mas não cai



Cada condomínio tem suas peculiaridades. Todos são diferentes uns dos outros, mas no fundo, de um modo geral, é quase tudo a mesma coisa.
Pode ser de qualquer classe, sempre tem as mesmas coisas, gente de todo tipo. Cachorro, gato, passarinho, vizinho chato, vizinho legal, vizinho que cumprimenta, vizinho que não, uns que brigam, outros que sorriem, uns que zelam, outros que quebram.
Não importa a classe, volta e meia pinta uma gritaria, uma briguinha, ciumeira, inveja, fofoca, afinal, a chinelagem não faz diferença, não discrimina nem segrega. Comporta e aceita todas as classes, cores e credos.
A maior constante é a indiferença, mas amizades e inimizades podem nascer. Nos detalhes, nas bobagens do dia a dia. Qualquer coisinha pode ser o diferencial para a aproximação ou o distanciamento natural,
A camiseta do teu time estendida no varal do outro já lhe confere um ponto a mais na avaliação. Se gosta de cachorro e não deixa ele latir nem aliviar-se na grama do condomínio, se ajuda a carregar as compras ou cede a vaga no estacionamento, se espera com o elevador ou segura a porta para o outro passar.
Na outra mão vêm os que buzinam no estacionamento, os que conversam próximo à tua janela domingo de manhã, os que deixam a latinha de cerveja no corredor, aquela vizinha que sacode o tapete na janela do andar alto, enfim, os que não têm consideração pelos “desconhecidos”.
Coisas insignificantes que vão se somando e formando o conceito de um em relação ao outro.
No meio destas diferenças todas existem hábitos que unem todos ou a maioria. Alguns programas de TV ecoam pelos corredores e mais ainda no fosso de luz.
Sobre isso tem uma curiosidade. Não sei se todos sabem, mas existe uma diferença no tempo da transmissão entre as operadoras de TV por assinatura e a TV aberta. O tal delay. Isso me proporciona, por exemplo, quando estou na cozinha, ouvir o insuportável Bial repetir três vezes a mesma bobagem. Por outro lado, quando perco a fala de algum personagem da novela, basta correr ali e esperar ser falada de novo na TV de algum vizinho.
Como ia dizendo, não existe nada perfeito, muito menos um condomínio. Seja pequeno ou grande, rico ou pobre, sempre teremos que lidar de alguma forma com suas mazelas, e sempre poderemos aproveitar suas benesses. Nos resta viver da melhor forma possível, convivendo com estas pessoas e seus problemas, assim como elas conosco.
De uma forma geral, procuro estar bem com todos, mesmo com os colorados. Conheço todos os cachorros do condomínio, geralmente antes de conhecer seus donos, ou donas. Os gatos são mais arredios, assim como alguns vizinhos, mas aí a gente deixa pra lá.
Como me disse um vendedor esses dias: “Não vamos gastar vela com defunto ruim”.
Particularmente, prefiro pensar de outra forma: Tudo a seu tempo. Amanhã tudo pode mudar.
Aqui é a minha casa, uma extensão dela.
Eu curto, eu cuido...


Aquele abraço!