segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mirante




Vista de lá para cá, das terras de depois da ponte, Porto Alegre é a Terra do Sol Nascente, porém, como olhamos daqui para lá, temos o privilégio do pôr-do-sol mais lindo do mundo.

Imagino que agora esteja sendo contestado por esta afirmativa, mas não me importo. Sou porto-alegrense e bairrista, com perdão ao pleonasmo e creio que não cabe discussão.

É o mais bonito do mundo e pronto. Pelo menos do meu mundo...




Isso foi uma brincadeira. Claro que me importo com as opiniões de todos, só que esta questão já foi tema de muita polêmica, e como é uma coisa de gosto, de estética, torna-se um conceito relativo e muito abstrato.

Cada um admira do seu ponto de vista, com o seu olhar, com mais ou menos componentes sentimentais e patrióticos. Depende do momento, da predisposição, dos hormônios...




Recomendo a todos que, quando possível, destinem alguns minutos do seu dia para admirar este espetáculo. Quem não for daqui, quando vier ao sul perder tempo tentando ver neve, de uma passada por Porto Alegre num final de tarde e vá até o Gasômetro ou à Zona Sul, Ipanema, Morro do Sabiá esperar o ocaso. Não precisa concordar comigo, apenas ofereça a si mesmo a oportunidade de ver uma coisa que muitas pessoas gostam.




Sou um admirador das coisas da natureza. Acho legal o nascer do sol em qualquer horizonte, pela luminosidade, as cores; gosto de observar os pássaros, seus hábitos e jeitos e tentar reconhecê-los pelo vôo ou pelo canto; notar a transformação das árvores e plantas quando se anuncia a primavera, fico feliz por reconhecer alguma delas pela folha ou tronco; gosto de gato, de cachorro, de qualquer tipo de bicho, até Power Point de bichinhos ou paisagens eu assisto; desde que não tenham aquelas mensagens deprimentes de ajuda e incentivo, mas sempre que vejo o sol se pondo no Guaíba, alguma coisa diferente acontece.




Trabalhava em um andar alto de um prédio no centro da cidade e da minha janela conseguia ver, por entre os outros prédios, uma nesga do rio e do horizonte onde o sol se põe. Nestes momentos, por pior que fosse o problema que enfrentasse ou estivesse tentando resolver no trabalho, minha alma e mente se iluminavam e tudo mudava de figura.

Acontece sempre. Talvez pela singeleza do quadro, pela efemeridade, não sei. Cada vez é diferente, mas a sensação é sempre a mesma, ou muito parecida. Uma coisa que vou chamar aqui de “descolamento”. Naquele pequeno intervalo de tempo, o mundo material, a atribulação do dia a dia, as preocupações, os problemas, tudo perde a importância, vira banalidade ante a grandiosidade, a leveza, a beleza do que se desenrola no horizonte e que me enche os olhos e a mente.




Dizem que Deus está em todas as coisas e se faz presente e evidente em sua obra. Concordo e sendo assim, nestes momentos me encontro com Ele.




Bairrismos à parte, acho importante valorizar o que é nosso e espero que cada um tenha o seu pôr-do-sol particular, o seu momento de introspecção, de “descolamento”.






Aquele abraço...