terça-feira, 10 de abril de 2012

Profissão: Professor.


Cada vez que eu leio ou ouço alguma manifestação sobre salários de professores, descaso com a profissão e a educação em geral, alguma coisa parece que não encaixa.
Por mais que tenha razão salientando a importância do professor na formação de seres humanos completos, além de alfabetizados e formalmente educados, por mais que os argumentos estejam embasados em pesquisas e que seja de senso comum a idéia de que a profissão devesse ser melhor remunerada, parece que ainda falta alguma coisa neste discurso.
As peças não se encaixam como deveriam.
Eu não sou muito novinho, e lembro que as professoras do meu tempo nunca ganharam muito bem. Todas trabalhavam o dia todo na escola e viviam chorando as mágoas. Tinha professora boa e professora ruim, assim como serventes boas e ruins, e alunos bons e ruins.
Tinha o aluno comportado e o endiabrado, um mais marginal, outro que sofria bulling, apesar de isso não existir naquela época, enfim, tinha tudo o que tem hoje, porém em uma escala menor, tanto em volume quanto em intensidade, mas a coisa fluía de uma forma ou de outra.
Bem ou mal, as professoras controlavam o ímpeto dos alunos com a autoridade que lhes era natural pelo respeito que tínhamos por elas, respeito este que nos era ensinado em casa. Respeito pelos pais, pelos professores, escola, família, instituições em geral.
Professor sempre ganhou muito mal, assim como a maioria dos trabalhadores. Pedreiro, motorista, policial, gari, bancário, quase todo mundo ganha mal. Bancário então nem se fala, como ganham mal os coitados, mas não é esse o ponto.
Me parece que a desvalorização dos professores apenas se reflete no salário. Começa muito longe da escola, nas casas e nas famílias que criam crianças egoístas e mimadas que levam para a escola, assim como antigamente, os hábitos, as manias e o comportamento tolerado em casa, só que antes era o respeito, agora é o descaso.
Hoje em dia respeito é um conceito muito vago e cada vez mais raro.
Não é qualquer um que merece respeito. Professores serão respeitados ou não de acordo com uma série de variantes que deveriam ser irrelevantes, mas o comportamento das crianças baseia-se no conceito que recebem direta ou indiretamente dos pais e da sociedade em geral.
Repito, acho que professores deveriam ganhar muito mais do que ganham, em qualquer nível, mas creio que esta valorização passa por uma mudança no nosso comportamento.
Devemos tratar a educação e os agentes dela com o respeito que merecem. Não só no discurso eleitoreiro ou na fila do banco comentando a greve do magistério. Em casa, quando falar com seu filho, quando ouvir as queixas dele com relação ao professor, nas reuniões no colégio ou no perfil do Face, lembrar que o professor é uma pessoa e que merece ser respeitado e admirado, pois escolheu esta profissão não só para ensinar esta ou aquela matéria, mas para ajudar na sua formação como cidadão.


Aquele abraço!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Balança mas não cai



Cada condomínio tem suas peculiaridades. Todos são diferentes uns dos outros, mas no fundo, de um modo geral, é quase tudo a mesma coisa.
Pode ser de qualquer classe, sempre tem as mesmas coisas, gente de todo tipo. Cachorro, gato, passarinho, vizinho chato, vizinho legal, vizinho que cumprimenta, vizinho que não, uns que brigam, outros que sorriem, uns que zelam, outros que quebram.
Não importa a classe, volta e meia pinta uma gritaria, uma briguinha, ciumeira, inveja, fofoca, afinal, a chinelagem não faz diferença, não discrimina nem segrega. Comporta e aceita todas as classes, cores e credos.
A maior constante é a indiferença, mas amizades e inimizades podem nascer. Nos detalhes, nas bobagens do dia a dia. Qualquer coisinha pode ser o diferencial para a aproximação ou o distanciamento natural,
A camiseta do teu time estendida no varal do outro já lhe confere um ponto a mais na avaliação. Se gosta de cachorro e não deixa ele latir nem aliviar-se na grama do condomínio, se ajuda a carregar as compras ou cede a vaga no estacionamento, se espera com o elevador ou segura a porta para o outro passar.
Na outra mão vêm os que buzinam no estacionamento, os que conversam próximo à tua janela domingo de manhã, os que deixam a latinha de cerveja no corredor, aquela vizinha que sacode o tapete na janela do andar alto, enfim, os que não têm consideração pelos “desconhecidos”.
Coisas insignificantes que vão se somando e formando o conceito de um em relação ao outro.
No meio destas diferenças todas existem hábitos que unem todos ou a maioria. Alguns programas de TV ecoam pelos corredores e mais ainda no fosso de luz.
Sobre isso tem uma curiosidade. Não sei se todos sabem, mas existe uma diferença no tempo da transmissão entre as operadoras de TV por assinatura e a TV aberta. O tal delay. Isso me proporciona, por exemplo, quando estou na cozinha, ouvir o insuportável Bial repetir três vezes a mesma bobagem. Por outro lado, quando perco a fala de algum personagem da novela, basta correr ali e esperar ser falada de novo na TV de algum vizinho.
Como ia dizendo, não existe nada perfeito, muito menos um condomínio. Seja pequeno ou grande, rico ou pobre, sempre teremos que lidar de alguma forma com suas mazelas, e sempre poderemos aproveitar suas benesses. Nos resta viver da melhor forma possível, convivendo com estas pessoas e seus problemas, assim como elas conosco.
De uma forma geral, procuro estar bem com todos, mesmo com os colorados. Conheço todos os cachorros do condomínio, geralmente antes de conhecer seus donos, ou donas. Os gatos são mais arredios, assim como alguns vizinhos, mas aí a gente deixa pra lá.
Como me disse um vendedor esses dias: “Não vamos gastar vela com defunto ruim”.
Particularmente, prefiro pensar de outra forma: Tudo a seu tempo. Amanhã tudo pode mudar.
Aqui é a minha casa, uma extensão dela.
Eu curto, eu cuido...


Aquele abraço!


sábado, 25 de fevereiro de 2012

Motoqueiro ou motociclista?



Pilotos de motocicleta, em geral abominam a denominação “motoqueiro”. Exigem que quando citados use-se “motociclista”.

Motoqueiro lembra aquele cara arrojado, moleque, inconsequente, que faz manobras arriscadas, anda em alta velocidade e se expõe a toda sorte de acidente ou tragédia. Já, motociclista lembra uma pessoa mais consciente, centrada, careca, talvez um contabilista, com calça de tergal, óculos, bigode, que pilota a moto com cuidado extremo.

Há também quem divida estes grupos entre os que trabalham com a moto e os que se utilizam dela para lazer. Mas e se o cara faz as duas coisas? Se trabalha com a moto e também se diverte com ela?
Nas suas folgas deixa de ser motoqueiro e passa a ser motociclista? Entra em uma cabine telefônica, troca de roupa e vira outra pessoa, com hábitos e comportamento diferentes?
E se o cara tem uma motoca para trabalhar e uma Motocicleta para lazer? Vai pilotar cada uma de um jeito?

O termo “motoca” surgiu lá pelos anos 70 do século passado para designar as motocicletas de menor cilindrada que se popularizaram e tomaram conta das ruas. Oras, se anda de motoca: motoqueiro!
Antes, só existiam motocicletas, e antes ainda o que se chamava de motociclo, consequentemente só existiam motociclistas.

Enquanto as pessoas se perdem nesta discussão de semântica, sinonímia, conotação ou denotação, eu vou andando de moto, cada vez mais livre, cada vez mais feliz.

Existe uma grande diferença entre pegar a estrada montado na moto ou sentado no carro. Não temos ar-condicionado nem som, em compensação, não temos engarrafamentos, e a minha gata bem agarradinha em mim não é atentado ao pudor ou atitude perigosa. Sofremos com chuva, frio, lixo, desrespeito, desconforto, em compensação... Bem, deixa pra lá. Não tem explicação.

Dizem que motociclista consciente é ex-motociclista. Não anda mais de moto, mas eu não concordo. A gente anda, porque é bom, é rápido, fácil, econômico, prazeroso... Só é um pouco perigoso, mas ninguém morre na véspera. Dá pra andar de moto sem se arriscar, com cuidado e alguma paranóia.

Como disse antes, não sei onde me enquadro, onde me enquadrarei ou onde me enquadrarão. Motociclista, motoqueiro, tanto faz, até porque, além de não me importar muito com opiniões, não gosto de rótulos, principalmente em mim, e não me vejo em nenhum destes dois estereótipos.

Então passei a me sentir total, com meu sonho de metal...



Aquele abraço!


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Forno Alegre



Não tem como não falar deste calor.

Ta realmente um inferno. Até o Diabo passaria protetor solar pra dar um passeio pelos pagos do Rio Grande, mas nem isso me faz sentir saudades do inverno como ouço as pessoas falando.

Ah, no inverno as pessoas andam mais arrumadas, elegantes... As pessoas que se vestem bem e ficam mais bonitas no inverno são as mesmas que, no verão estão 98% do tempo em ambientes refrigerados, em casa, no carro, no trabalho (quando trabalham), ou estão viajando.

No inverno não tem praia, não tem cervejinha na calçada nem da pra dormir pelado. Tomar banho é um ato de coragem e andar de moto uma prova de insanidade.

No verão aqui é assim, a gente é preparado ao bafo ou gratinado. Fica pronto pra servir. Pode ser ao molho também, se pegar um temporal no caminho, mas poder chegar em casa, tomar um banho e ficar só de bermuda vale qualquer sacrifício

Quem precisa ir pra rua durante o dia, principalmente à tarde, fica procurando bancos e lojas com ar refrigerado.
Entra na loja, da uma olhadinha, pergunta uns preços, agradece e vai embora refrescado.
Entra no banco, pergunta alguma coisa complicada ao atendente para que ele necessite perguntar a mais alguém e demore bastante. Se tem pressa, tira um extrato ou saca 10 pila em um caixa automático e deposita no outro. Já dá tempo para refrescar um bocadinho, e vai seguindo com a vida, esperando a hora do descanso.

O que eu vejo nesta situação toda, é gente que reclama de tudo. Se ta calor, se ta frio, se chove, se não chove. Para com isso! Relaxa e aproveita o que tem. Coloca uma roupa mais leve, aproveita que ainda temos água potável e te refresca, por dentro e por fora. Te hidrata e “vambora”. O verão ta acabando. Depois começa aquela churumela toda de frio e chuva que vai até Outubro...

É como eu disse antes, chega em casa, toma um banho e senta na calçada, na frente da janela ou embaixo do ventilador tomando um mate pra refrescar.


Aquele abraço!

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Manos


- Shhh...!
- Que foi?
- Fica quieto!
- Eles estão dormindo.
- Não estão, não.
- Estão namorando?
- Claro.
- Como é que tu sabe. Não tem barulho nenhum.
- Por isso mesmo. E se a gente atrapalhar tu já sabe, né? Amanhã é a mãe de mau humor, o pai nem toma café e a gente sem TV e internet.
- E sem jogar bola.
- Isso mesmo, então, fica quieto. Daqui a pouco eles dormem.
...
- Quero fazer xixi...
- Segura.
- Mas eu to com vontade.
- Aperta que falta pouco.
- Como é que tu sabe?
- Shhh...
- Será que ta doendo?
- Se doesse eles não ficariam cheios de sorrisinhos e beijinhos depois, e cala essa boca!
- To mimijando!
- Aperta esse tico aí que quando der eu te aviso.
- Pra que que serve isso?
- O namoro?
- É.
- Sei lá, parece que é assim aquela história da sementinha.
- A mãe vai ficar barriguda?
- Não... Eles fazem toda hora. Se cada vez desse um filho a gente teria que morar num quartel.
- Mas de vez em quando dá. Olha nós...
- Shhh...
- Tu queria que eu nascesse?
- Hã?
- Quando era só tu, tu fazia barulho pra atrapalhar?
- Claro que não.
- Fazia sim!
- Shhh...
- E se ela ficar? Tu quer outro irmão? Eu não quero! Não cabe mais um nesse quarto. Ainda mais um nenê pra ficar enchendo o saco de noite, chorando e se cagando toda hora.
- Que guri chato. A gente só fica sabendo depois. Quando ela começar a fazer roupinhas de crochê, receber visitas das tias... Onde é que tu vai?
- Vou no banheiro e fazer bastante barulho...



Aquele abraço!

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Houve uma vez um verão


               Bem legal a série de crônicas que a Zero Hora está publicando com as histórias de verões da infância de personalidades gaúchas. Pelo menos a primeira que foi a única que li. Achei boa a idéia, e as lembranças do Marcelo Canella me levaram direto aos meus verões de muitos anos atrás.
Não tínhamos casa na praia, não tínhamos carro, muito menos dinheiro para veraneios nas férias. A opção era excursão para Cidreira.
A saída de madrugada e a volta “de tardezinha”; o desconforto do ônibus comum, amenizado pela excitação do passeio.
De madrugada um cara imitou a “sirene” da polícia, e eu lembro que tive muito medo. Seríamos todos presos e torturados? Coisa de guri da cidade...
O ônibus parava no meio da viagem para o xixi. Aí era aquele monte de homens urinando no chão, nas plantas e no próprio ônibus.
A chegada à praia junto com outros ônibus. Pareciam milhares numa fila interminável. Todos alinhados junto aos cômoros de areia
Lembro de um leitão que saiu não sei de onde e que o meu pai perseguia pelas dunas. Foi tão hilário e marcante que a imagem permanece viva na memória. Muitas outras já se perderam.

 Da esquerda para a direita, meu irmão Jorge, minha mãe, meu pai, Seu Potiguara, 
meu irmão Luiz, minha tia Lira e o amigo da família Lelé (Luis Ilér). 
Eu como sempre, o centro das atenções.
Lembro também de uma vez em que ficamos na casa da tia Zilda e do tio Silas no Imbé, junto com os primos Urubatã, Pedro Paulo e Vera Lúcia. Ah... Agora sim estávamos veraneando. O luxo do gaúcho! Ainda mais em uma casa, com camas e família. Dava para se sentir um superstar.
A casa era próxima à lagoa, onde fizemos algumas expedições. Para meu espírito de explorador que se formava, aquilo era um mundo novo. Um universo inteirinho de novidades. Formas, cheiros e texturas inusitados. O medo e a excitação da descoberta elevando a adrenalina. Entre monstros aquáticos e os perigos da água traiçoeira nos aventurávamos naquele terreno lamacento e desconhecido.
Formas de vida estranhas iam aos poucos se revelando aos meus olhos curiosos. Todos monstruosos. Lagartos venenosos, camarões carnívoros, caranguejos gigantes assassinos que se escondiam no chão à espreita de humanos descuidados. Ficava só aquele furinho na lama. Graças à minha astúcia e à minha agilidade consegui escapar de todos eles.
. Um dia, fomos à praia em Tramandaí. Uma lonjura! Nunca caminhei tanto na minha vida, aí, quando chegamos lá era tudo igual. A mesma água, a mesma areia. Não entendi a razão daquele sacrifício.
Lembranças muito antigas, muito fragmentadas, mas que me levaram a um passeio delicioso ao passado, à infância cada vez mais longínqua.
Hoje em dia tudo mudou, mas quando chego à praia ainda me vejo aquele guri desmilinguido correndo em direção à água gelada.

Com minha mãe, Dna. Nilza à esquerda e minha tia Lirinha (Dna. Lira) à direita, 
e eu no centro sem dar muito trabalho ao cavalinho.

Aquele abraço!



quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FELIZ NATAL!



 
Todo ano tem natal. Tão esperado, tão festejado...

Época de votos de felicidades e realizações, de cartões bonitos, de mensagens motivadoras e emocionantes.

Todo ano tem natal... de onde tirar criatividade e inspiração para escrever algo novo e interessante sobre o mesmo tema ano após ano? No natal passado já reeditei algo que havia escrito há uns anos em um momento parecido, justamente por estar sem idéias para escrever uma mensagem natalina. Ficou muito bom, mas não da pra forçar a barra e colocar a mesma coisa aqui de novo.

Bem, que seja. Não da pra querer reinventar a roda nem querer ser o supra-sumo da criatividade.

Querendo ou não, desconsiderando religiosidades, fanatismos e exageros, o natal é uma época boa, em que recebemos e doamos muita energia positiva além dos presentes materiais.

Aproveitando este momento gostaria de desejar a todos, paz, amor, tranqüilidade, congraçamento, perdão indo e vindo, esperança renascendo, enfim, tudo de bom que se possa desejar a si ou aos outros.

Gostaria também de agradecer, já que é final de ano, a todos que participaram de alguma forma da minha vida, ajudando, atrapalhando, tanto faz, pois de uma forma ou de outra, tudo acaba sendo positivo.

Agradecer muito, muito, mas muito mais ainda aos que tiveram paciência comigo e com meus textos. Lendo, criticando, gostando, comentando ou apenas fechando a página. É muito bom quando vejo a quantidade de acessos que o blog teve após cada postagem.

Se fosse pedir alguma coisa para mim ao Papai Noel, seria que no próximo ano pudesse ajudar mais. Que me desse criatividade, bom humor, discernimento, coragem, autocrítica para que pudesse escrever mais e melhor. Que fosse útil de alguma forma; para divertir ou para alertar, para entreter ou irritar, mas que conseguisse de alguma maneira mexer com os sentimentos e emoções de vocês. Que pudesse fazer a diferença.
Que comentassem mais e me elogiassem mais, mesmo que fosse só pela camaradagem,

Boas festas a todos, sem muita bebida e com muito divertimento.

Aquele abraço natalino!

domingo, 11 de dezembro de 2011

Xô...


Qual o pior tipo de doença que existe?
Certamente concordaremos que qualquer uma do tipo fatal. Na verdade, qualquer doença é horrível, principalmente quando é com a gente ou com alguém que nos seja importante, mas algumas doenças não se explicam, não têm remédio ou cirurgia que cure.
São como vírus, pois podem contaminar e disseminar, mas também podem ser desenvolvidas pela própria pessoa. Como um câncer, vão se formando nas entranhas, se espalhando pelo corpo e passam a ser emanadas em todas as direções contaminando os desavisados.
Quer um exemplo? O mau humor. É uma doença grave. Pode ser contagiosa e até fatal. Mesmo que não mate o corpo, acaba destruindo a alma do sujeito e afeta todos à sua volta.
Se a gente não se cuida vai sendo atacado e pode ser contaminado.
Uma pessoa mal humorada pode acabar com o ambiente de uma família, do trabalho e até de esferas mais amplas.
Ta, tudo bem, acabei descobrindo que mau humor já está sendo tratado como doença mesmo. Tem até nome: Distimia, mas nesta minha pesquisa rápida não li nada sobre contágio, e é aí que mora o perigo.
Convivendo com chatos deste tipo, corre-se o risco de contrair esta doença incurável.
Outro exemplo? A inveja. Esta pode ter conseqüências físicas, dependendo do nível, pois pessoas invejosas tentam atingir física ou moralmente os invejados, só que esta não é tão contagiosa, pois procuramos nos afastar destas pessoas.
Negativismo, pessimismo, i... Poderia escrever muito só citando exemplos, destes males ou casos específicos deles, mas não é este o objetivo.
Onde eu queria chegar quando comecei a falar sobre isso?
Não sei bem.
Só queria desabafar e talvez alertá-los sobre estes males que nos cercam. Porém acho sem sentido falar sobre problemas sem apresentar soluções ou opiniões positivistas.
Como evitar? Como prevenir?
Também não sei.
Pensamento positivo é uma boa. Já falei sobre isso. Não é torcer para que o outro melhore ou que não nos atinja. É ver as coisas de outro modo, ignorando as opiniões negativas, contrapondo com nossas idéias e opiniões positivas. Quase sempre funciona como prevenção e pode servir também como antídoto, mudando o estado de espírito do doente. Não cura, mas ameniza. É um paliativo.
Quando não funciona podemos radicalizar realizando uma profilaxia extrema. Limpar o nosso ambiente. Se não dá pra tirá-los de perto de nós, podemos nos tirar de perto deles.
Sai fora! Vaza! Dá no pé!
Negativo aqui nesse corpo, nem o tipo sanguíneo. Só a conta bancária...


Aquele abraço!

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Andante


Andava sorumbático pelas ruas do seu bairro. Quase um moribundo; um zumbi. Mal reparava nos vizinhos e transeuntes pelos quais passava e que vez por outra o cumprimentavam.
Apenas caminhava. Sequer percebia alguma coisa. Sua mente transformada em um deserto mantinha apenas as funções vitais e um único pensamento que de tanto repetir-se desaparecia em um zumbido,
Caminhava e pensava em não pensar. Não aqueles pensamentos doloridos e desesperadores.
Instintivamente evitava choques e buracos; instintivamente respirava, piscava e caminhava.
A lembrança da dor o mantinha em movimento. Não queria parar, pois temia que eles o alcançassem, os pensamentos que tanto o atormentaram anteriormente. Antes de começar a andar.
Não saberia dizer a quanto tempo caminhava.
Minutos? Dias? Horas? Não saberia dizer. Nem ele nem ninguém, pois não havia quem se importasse com ele ou com quem ele se importasse. Mas ele não pensava nisso. Não pensava em nada. Apenas caminhava. Um passo após outro, consumindo as distâncias como antes os pensamentos consumiam sua mente e sua alma.
Agora não sentia mais dor, não sentia mais nada. Sede, fome, cansaço, nada. Nada comparável à sensação de desespero ou à dor, a maldita dor que corrói as entranhas. Que não tem início nem fim. Simplesmente existe.
Existia.
Agora nada mais. Nenhuma sensação. Apenas a brisa, o ruído distante das ruas com seus carros, cachorros e pessoas que sussurravam coisas incompreensíveis.
Pessoas que o chamavam por um nome desconhecido; que por vezes o tocavam e insistiam para que os reconhecesse, mas ele não reconhecia ninguém. Ninguém que importasse. Ninguém que fosse...
Não!
Afastou o pensamento rapidamente. Um descuido e eles já queriam voltar; os malditos pensamentos.
Caminhar e caminhar, sem pensar em nada, sem prestar atenção em qualquer coisa que o fizesse relaxar. Eles poderiam voltar com toda a sua carga de dor e sofrimento.
Sensação maravilhosa aquela de vazio. Sentia a leveza da idiotice, a serenidade da ignorância.
Sequer sabia por que andava, por que sofrera, mas sabia que não podia parar. Apenas caminhar e continuar. Querendo ser o que parecia, um moribundo.
Sem pressa, sem destino, rumo ao desconhecido calmo, deserto e silencioso. Onde a mente ficasse finalmente vazia, onde seu coração pudesse enfim descansar e voltar a bater apenas, sem golpes ou sobressaltos.
Passou por mim assim, sem consciência e sem emoções, e assim seguiu, caminhando, fugindo dos pensamentos. Fugindo da dor...



Aquele abraço!



terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cuca

Sou desses que se mete em tudo. Não nos problemas dos outros, pelo menos não muito, mas em atividades, manutenções, invenções, funções em geral.
Não consigo ficar muito tempo parado, sem fazer nada.
Cabe aqui um parêntese esclarecendo que assistir a um filme, por exemplo, “é” fazer alguma coisa. Deitar na rede e ficar olhando as nuvens passando também é uma atividade interessante além de pouco desgastante.
Existem várias atividades às quais a gente pode se entregar por horas a fio, mas não é deste tipo de coisa que eu estava falando, falo de viver inventando coisas pra fazer, procurando sarna para me coçar, como dizia meu pai.
Acho que muita gente é assim, muitos de vocês (no plural, imaginando que mais de uma pessoa vai ler este texto), mas como eu sou a pessoa a quem conheço melhor, vou falar só de mim.
Agora, por exemplo, comecei a fazer cucas, bolos e afins.
Tudo começou com uma máquina de pão que ganhei do meu irmão. Descobri algumas receitas na internet e fui fazer meus pães.
Um pão d’água, um pão de leite, um pão doce, um pão de frutas... Todos ficaram muito bons, mas cuca não teve jeito. Não saiu nenhuma boa.
Sou um tanto exigente na hora de provar um doce e achar “bom”. Sem querer ferir suscetibilidades, posso dizer que sou filho do melhor confeiteiro que já houve, e isto me deixou assim, chato.
Ele foi como o Pelé. Insuperável na sua época, quiçá até hoje em dia, mas não vou afirmar isso para não entrarmos na mesma polêmica de Pelé x Maradona ou Vai x Satriani x Malmsteen.
É assim, eu provo, como, gosto, mas sempre tem a comparação. Mil folhas e sonho, principalmente. Acho que nunca mais comerei algo parecido. A menos que faça eu mesmo. Foi pensando assim que resolvi partir pra briga, em busca da cuca perfeita.
O meu filho gosta das cucas com recheios mirabolantes, com requeijão, ricota, mumu, entre outras coisas. É bom, mas prefiro a minha tradicional, sequinha e com passas.
Peguei várias receitas, errei algumas, mas acho que agora cheguei bem perto. Não ouso dizer que ficou perfeita, mas que ta bom, ta! Leve, sequinha, e com passas. Sem aquele exagero de farofa em cima.
A massa dava para mais cucas, então fiz uma de frutas cristalizadas e uma com Mumu para agradar aos vários gostos.
 Sempre achei que o que faz diferença no teu trabalho é a maneira com o fazes. Não é a ambição, nem a pressão que te fazem trabalhar melhor, sim o gosto pelo que estás fazendo e a preocupação com o resultado daquilo, com o gosto que terá ao paladar, com a satisfação que dará a quem dele usufruir. Seja em que área for que trabalhes, ou qual for o resultado deste trabalho, que ele seja útil e que atenda da melhor forma possível ao público que dele se servir, mesmo que este público seja apenas uma pessoa, tu mesmo, por exemplo.
No dia da proclamação da república eu declaro a minha independência. Posso dizer que sou auto-suficiente em cucas, desde que encontre uma boa receita em algum blog.
Neste momento acabei de saborear uma fatia da minha cuca de passas e vou partir para mais uma. Talvez prove a de Mumu, mas já sei que não será a mesma coisa...

Aquele abraço!

domingo, 30 de outubro de 2011

Cachorro quente


Cheguei na lancheria especializada em cachorro quente, consultei o cardápio e encontrei um que era mais ou menos o que eu estava procurando: pão, 2 salsichas, molho, mostarda, “quétechúpe”, alface, tomate, milho, ervilha e batata-palha.
- Moça, quero este aqui, mas sem “quétechúpe”, milho, ervilha, tomate ou alface.
- Certo. Sem molho, ervilha, tomate e alface.
- Não! Sem MILHO, com molho.
- sem milho e sem molho.
- Com molho!
- Moço, por favor, eu tenho outros clientes pra atender – disse ela impaciente.
- Sim, eu sei, e tenho pena deles – pensei.
- Ok moça. É sem milho – falei.
- Certo. Pra beber?
Bem, à partir daí seguiu-se o diálogo padrão. Peguei um jornal da casa e fui sentar numa área externa, pois era começo de tarde e a temperatura apresentava-se agradavelmente primaveril.
Quando o cachorro veio, eu distraído na leitura, peguei, agradeci e mordi.
Batata-palha... Eu não gosto de batata-palha no cachorro, por que diabos estou comendo um cachorro com batata-palha? Por que não pedi para tirar? E cadê o queijo ralado?
A-há... Solucionado o mistério. Eu li batata-palha no cardápio e imaginei queijo ralado.
Um dia encontrarei uma carrocinha de cachorro-quente como as da minha infância, com um cachorreiro de avental branco, colocando aquele molho suculento no pão antes da salsicha e sobre esta a mostarda que ele aplicava com um pauzinho. Não era um pincel, não era uma colher, era um pauzinho que ele tirava lambuzado de dentro do pote de mostarda a passava na salsicha. Por fim, sobre tudo uma leve camada de queijo ralado bem fininho.
Salivando esperei aquele cachorro que viria quase como aquele dos meus devaneios, e ele veio. Com batata-palha...
Bem, não vamos estragar o almoço por uma bobagem destas.
Tirei a bata-palha com um palito e coloquei no prato.
Hmmmm... Muito bom!
Passou a garçonete e notou o estrago que eu havia feito.
- O Sr. Não gosta de batata-palha? – indagou ela incrédula.
- Não – respondi sorrindo, quase envergonhado.
- O Sr. Poderia ter pedido sem...
- Eu sei moça, mas na hora me confundi. Não tem problema, já retirei.
Percebi seu ar de tristeza contemplando as batatas derrubadas sobre o prato. Lançou-me um olhar de desprezo e reprovação e se foi.
Não entendi muito bem se o sentimento dela era pelo desperdício do alimento, pelo meu paladar desregulado ou um pesar pela batata em si, em solidariedade às batatas descartadas.
Sabe lá o que passa na cabeça de uma garçonete, de uma cozinheira ou de um dono de lancheria que inventa um cachorro quente com batata-palha.


Aquele abraço!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Que gente...!


Estou parado na porta de saída do ônibus, acabei de dar o sinal para ele parar quando sinto alguém me cutucando, tentando passar por mim. É uma jovem senhora. Força de um lado, tenta de outro, até que já meio irritada resolve se comunicar:
    - O Sr. pode me dar licença?
    - Não.
    - Eu preciso descer na próxima parada.
    - Isso é problema seu...
    - Mas é o fim da picada. Um homem velho... O Sr. deveria ter consciência do transtorno que causa às pessoas com esta atitude. Onde já se viu ficar parado na porta atravancando a passagem de quem quer descer? Por isso que este país está deste jeito, essa bagunça, falta de respeito generalizada, falcatruas, roubalheira. Cada um se preocupa apenas com os seus problemas e se lixa para as necessidades e os direitos dos outros.
    - “Ora, francamente, o Sr. não tem vergonha na cara? Se o Sr. ficar aí parado eu vou perder a minha parada! Vou ter que me queixar ao cobrador ou motorista? Vou chamar a polícia!
Algumas pessoas percebem o que está acontecendo e se divertem. Outras, percebendo o que poderia acontecer, mostram um ar apreensivo.
    - O Sr. não vai mesmo sair do meu caminho?
    - A Sra. deu o sinal para o ônibus parar?
    - Não, mas o que o Sr. tem com isso?
    - Porquê a Sra. acha que o ônibus vai parar sem ter dado o sinal?
    - O Sr. não está vendo a luz de “parada solicitada” acesa?
    - Sim Sra, mas porque ela está acesa? Será que está com defeito?
    - Ora, alguém deve ter dado o sinal...
    - Quem teria sido?
    - ...
    - Eu também vou descer na próxima.

Essa história não aconteceu inteira. Só até um pedaço. No momento fiquei imaginando isso tudo, pois é o que da vontade de fazer com algumas pessoas.

O mesmo tipo de gente que, sendo um rapaz passa na frente de uma senhora com uma criança no colo, que jovens, não dão lugar a idosos, que ficam com a mochila nas costas trancando o corredor do ônibus, que ficam na porta atrapalhando quem vai descer ou quem está subindo, gente que costura no trânsito, que não junta o cocô do cachorro, que não cuida da calçada, que esbarra na rua, que se acha mais importante que os outros, ou pior, que sequer enxerga os outros, nem percebe a existência de mais alguém ou nota quando somos gentis.

É brabo mas é queijo, diria meu pai.

Não faça isso que eu imaginei, viu? A vingança é sempre um prato indigesto, por mais frio que seja servido.
Gentileza gera gentileza? Talvez, mas não devemos agir assim esperando retorno das pessoas, pois a decepção endurece e amargura. Sejamos gentis pela pureza do ato, por nossa própria satisfação, por respeito aos nossos pais e à educação que nos deram, pelo engrandecimento da humanidade, mas não espere que isso seja notado ou levado em consideração.

Que gente...


Aquele abraço!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Inveja

Todo mundo já quis ser alguém. Tu não?
Nunca teve aquele momento em que aparece alguém se dando bem e tu fica olhando aquilo, pensando como seria bom estar lá?
Aquele cara que ganha na loteria, aquela modelo que desponta, o artista que faz sucesso, o jogador que faz aquela jogada, a cozinheira que faz aquele molho, ou o confeiteiro que faz o doce mais equilibrado, o cara que escreveu aquela frase, o que teve aquela idéia...
Aquele que vence, que desponta, que se destaca, de alguma maneira será invejado, mesmo que sem maldade.
Na infância queria ser o Batman, sem o Robin, mas com a Mulher Gato. Queria estar na nave dos Perdidos no Espaço. Queria ser o Bruce Lee, depois o Luke Skywalker, o Mad Max. Mais tarde queria estar no lugar do Michael Douglas em Instinto Selvagem, ou do Patrick Swayze em Ghost, mas só até um pedaço, antes do assalto.
Já quis trocar de lugar com algumas pessoas em vários momentos da minha vida. Não trocar de vida, mas ter aquele momento que o outro estava vivendo.
Inveja? Acho que não. Acho que é mais um tipo de admiração. Nada mal intencionado. Se for inveja, é só uma invejazinha sem maldade.
Dentro dessa viagem imaginei se alguém me admira ou inveja desta maneira, se me vê como modelo de vida ou de sucesso. Será?
Nunca me dei muito bem na vida. Não sou rico, nem famoso, nunca vivi grandes aventuras, mas sabe como é, tem louco pra tudo.
Trazendo isso para o mundo real, podemos pensar que, assim como nós temos nossos modelos de comportamento, moral e conduta, servimos da mesma forma como modelo para outros.
Modelados por nossos pais e sociedade, modelamos nossos filhos, amigos, vizinhos, mesmo sem querer, pois como diz o ditado, um exemplo vale mais do que mil palavras.
Pensando nisso me arrependo de algumas atitudes pela vida afora. Gostaria de ter sido sempre um bom exemplo, porém, como típico ser humano dei umas erradinhas por aí. Já falei bobagens e dei conselhos “furados”, sempre bem intencionado, mas para isto há outro velho ditado: De boas intenções o inferno está cheio. Concordo, mas prefiro errar tentando acertar do que me omitir.
E assim caminha a humanidade. Errando, acertando, ajudando, atrapalhando, a gente vai se acomodando e no final tudo da certo de uma maneira ou de outra.
Aos desavisados que por ventura queiram meus momentos, sugiro este, quando vou começar a pagar as contas do mês.

Aquele abraço!

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Futebol

Sábado, 10 de Setembro, 09:42h.

Conforme previsto e comentado aqui, hoje retomo minhas atividades futebolísticas.
O time terá novamente uma opção de qualidade na zaga e volância. Opção também no apoio ao ataque com minhas investidas fatais e chutes precisos e poderosos.
O jogo dura em torno de uma hora, hoje está um lindo dia de sol, a quadra é descoberta, e eu estou há mais de 4 meses sem jogar bola. Vocês sabem o que esta conjunção de fatores significa. O que pode acarretar ou de que forma pode interferir no meu desempenho em campo?
TUDO!
Qualquer tempo que permaneça jogando além de 5 minutos já será uma grande façanha.
Bem, vou lá.
Depois eu conto como foi...


Sábado, 10 de Setembro, 14:42h.

Voltei.
Não sofri nenhum infarto ou mal súbito de qualquer espécie.
Até que corri bastante. Permaneci em campo quase o tempo todo, consegui tocar na bola algumas vezes e não fiz muito fiasco.
Agora inicia um novo período de avaliação pós-jogo. Não como nas rádios, onde os comentaristas avaliam o desempenho dos atletas, mas um período onde observarei e principalmente sentirei a resposta do meu organismo ao esforço a que foi submetido.


Sábado, 10 de Setembro, 21:35h.

Me sinto cada vez mais vivo, ou seja, tenho dores em todo o corpo, e isto quer dizer que não morri. Dói tudo, inclusive articulações e músculos que eu nem sabia que existiam.



Domingo, 11 de Setembro, 07:12h.

Consegui levantar, ou melhor fui obrigado, pois o colchão estava me machucando. Ficar de pé e caminhar ereto, agora é o novo desafio.
Passei um tempo tentando lembrar do acidente e de quando teria recebido alta, procurando cicatrizes... Lembrei do jogo. Foi ótimo!
O retorno, o reencontro com os amigos, os momentos divertidos, tudo isso vale à pena.
Cada movimento dolorido é compensado pela sensação de bem estar, por ter voltado.
Tenho uma semana para me recuperar fisicamente...


Segunda-feira, 12 de Setembro, 07:43h

Ai...


Aquele abraço!