domingo, 27 de março de 2011

E agora?!?!


Estou sentado na sala, acabei de ler o jornal e ele repousa sobre minhas pernas cruzadas, chimarrão numa mão, a outra acariciando à Mimi que ronrona sobre os classificados, penso na vida. Observo meu apartamento, entre um gole e outro do amargo, deliberando sobre que rumo tomar, prioridades, essas coisas. Um raro momento de introspecção.

São tantas opções, e preciso tomar uma decisão! Não estou acostumado com isso. A vida nunca me pressiona. Neste momento sinto-me perdido, desorientado, incapaz...

Chega um momento na vida de um homem em que ele deve ser suficientemente maduro para decidir. Já passei por situações como esta muitas vezes na minha vida, mas nunca fui tão inseguro.

Será o momento muito delicado, com muitas coisas em jogo, ou apenas efeito da idade? A experiência traz sabedoria, mas também, em certos momentos, a tendência a ponderarmos indefinidamente. Depois de tantos erros e poucos acertos, tendemos a considerar as mais remotas possibilidades e conseqüências.

O animal egoísta adormecido em mim acorda e se manifesta, mas logo o reprimo. Se a decisão afeta pessoas a quem amo e estão próximas, devo considerar.

Preciso de ajuda. Não consigo decidir sozinho...

Nova dúvida: a quem pedir opinião? Como confiar no discernimento de outra pessoa? Será ela tão desprendida quanto eu ou tentará “puxar a brasa pro seu assado”?

Não posso mais adiar isso...

Afinal, meu Deus, de que cor pinto as paredes? Começo pela sala ou pelos quartos? Quem sabe o banheiro...

Tenho que reformar os estofados. O sofá é cama, indispensável a quem tem uma filha adolescente com amigas fiéis e um filho que mora fora, mas passa temporadas aqui. A cadeira do papai, que era do meu Papai, indispensável a quem gosta muito de assistir TV.

Que cores? Que tecidos? Devem ter a mesma cor, apenas combinar ou nem isso?

Vou tomar mais uma cuia. Hoje eu defino isso, ou não...


Aquele abraço!


domingo, 6 de março de 2011

Horóscopo


E o zodíaco, hein? Dizem que vai mudar tudo...

Grande revolução em muitas vidas.

Existem pessoas que acreditam e até baseiam suas atitudes nas previsões e/ou nas características de seu signo. Que me desculpem, por favor, mas não consigo acreditar. Pelo menos, não da forma como sempre foi divulgado. Já conversei com muitas pessoas que dizem entender realmente do assunto, mas até agora não conseguiram me convencer.

Dizem que é uma ciência que calcula os movimentos e o posicionamento dos astros e das galáxias, e que pode dizer qual a influência destes em nossas vidas, destino, personalidade, caráter...

Omar Cardoso foi um dos astrólogos mais famosos e conceituados do Brasil no seu tempo. Uma vez a minha mãe comprou um negócio dele. Não sei o que era, mas era mais que um mapa astral, era um livro, cheio de previsões e outras coisas feitas exclusivamente para ela, calculadas conforme suas data e hora de nascimento e sei lá mais o que.
Tudo muito lindo, tudo certinho, até a parte onde previa que ela perderia um de seus filhos... Jogou o livro no lixo na hora. Creio que até hoje ela se borra de medo disso, mas por enquanto continuamos por aqui.

Eu tenho uma resistência muito forte, assim como a qualquer destas doutrinas esotéricas, cheias de mistérios e reservadas aos iniciados.
Sempre me lembro d’A Roupa Nova do Rei.

Voltando ao assunto, pra quem não sabe um astrólogo aí disse que as datas dos signos deveriam ser recalculadas devido à mudança no alinhamento da terra com o sol ou qualquer coisa parecida. Acharam mais uma constelação e teria um novo signo. Resumindo, ele disse que tá tudo errado há muito tempo.

Claro que ele já foi desmentido, mas a gente sabe como as pessoas são influenciáveis. Ainda mais as crentes em horóscopo.
Imagina se agora existirem duas correntes. Os conservadores usando o zodíaco antigo e os progressistas, baseando-se no novo.

Seria legal ver algumas pessoas mudando o comportamento ou em dúvida sobre como comportar-se, segundo os padrões do seu novo signo.
Pega o jornal de manhã, olha o horóscopo e escolhe o signo conforme a previsão mais favorável.
Pensando bem, até que seria legal. Tem muita gente chata só porque é deste ou daquele signo, pode ser que mudando de signo mudem a atitude...

Só o signo de leão não precisa mexer. Não temos nada a melhorar.

Aquele abraço!


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Até breve...




"Acredito, sim, em inspiração, não como uma coisa que vem de fora, que "baixa" no escritor, mas simplesmente como o resultado de uma peculiar introspecção que permite ao escritor acessar histórias que já se encontram em embrião no seu próprio inconsciente e que costumam aparecer sob outras formas — o sonho, por exemplo. Mas só inspiração não é suficiente".



Moacyr Scliar ( Porto Alegre, 23/03/1937 - 27/02/2011)

Neste momento não me atrevo a escrever, apenas agradecer pelo tempo que nos deu.
Que esteja em paz com os muitos amigos que o receberão.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

A tristeza de virar a página


Comentei dia desses, meu hábito de leitura do jornal dominical, bem como o método que utilizo. Citei, sem nomear, os colunistas do jornal e admiti a influência que um destes colunistas, pelo modo como escreve e transmite suas idéias, tem no meu modo de escrever e desenvolver minhas idéias. Vali-me de uma de suas crônicas para desenvolver um dos meus arremedos de crônica. 

Dias depois ele sofre um AVC enquanto convalescia de uma cirurgia.

Neste domingo, mais uma vez me peguei entristecido, depois de ler a coluna do Veríssimo, pois sabia que ao virar a página não encontraria mais sua foto sorridente e um de seus textos.
Textos que aguardava ansiosamente durante a semana. 
Textos aos quais me acostumei e aprendi a apreciar muito rapidamente.

Confesso que esta descoberta foi tardia, recente, mas tem justamente a pureza da descoberta, do acaso. Sem recomendações, sem elogios de terceiros. Simplesmente num belo dia me pego lendo a coluna do Scliar, gostando e me perguntando onde o haviam escondido por tanto tempo.

Da mesma forma, outro dia, ao acaso “ouvindo” televisão, fiquei sabendo da sua/nossa má sorte.

Não me vejam egoísta. Perdi meu pai recentemente em um evento parecido, porém fatal, e tenho esta dor ainda muito presente.

Lamento Moacyr Scliar pela pessoa que transparece em suas crônicas; solidarizo-me com a família pela dor que devem estar sentindo, e agrego às muitas pessoas que neste momento também torcem pelo seu restabelecimento e sonham com o seu retorno ao nosso convívio, mesmo sendo este apenas através de suas mensagens nas páginas de um jornal.
Inevitável, porém, o sofrimento enquanto leitor, pela falta que me faz o prazer dominical da leitura relaxante e estimulante de Moacyr Scliar.

Rezo para que retorne e me traga de volta a alegria de virar a página.


Aquele abraço.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O Sócio



-       Opa...
-       Daí?
-       Tudo bem?
-       Tranquilo...
...
-       Quem é esse cara?
-       Meu sócio.
-       Sócio?
-       É. Ele tá saindo com a minha mulher.
-       ...
-       Que foi?
-       Tu ta brincando, né?
-       Não.
-       Com a Lu?
-       ... e tu te preocupa é com ela?!?!
-       Não... Quer dizer, sim... Não... É que fiquei meio confuso. Surpreso...
-       Porque?
-       Sei lá, ela não parece ser... “dessas”.
-       E eu, pareço ser “desses”?
-       NÃO! Para com isso...
-       Ta bom...
-       Ta, e  tu fica nessa tranquilidade?
-       Que que tu quer que eu faça?
-       Sei lá; tu não te abala?
-       Cara, ela tá feliz. Ela estando feliz, me deixa em paz. Não fica enchendo o saco com dançar, teatro, encontros com amigos, visitas pra mãe...
-       ...
-       Nem sei há quantos meses não vejo a minha sogra. Que mais que eu posso querer?
-       Ta certo, mas, eles sabem?
-       O que?
-       Que tu sabe...
-       Claro que não! Nem podem.
-       Mas...
-       “Mas” nada... Se ficam sabendo que eu sei, vão achar que todo mundo sabe, aí o negócio vira manchete e eles perdem o respeito.
-       Respeito?
-       Claro. Enquanto eles acharem que eu não sei de nada, eles mantêm o decoro, fazem tudo escondidinho, na moita.
-       Mas que diferença faz pra ti? Por acaso deixa de ser traído?
-       Não, mas isso não tem a menor importância. Já que eu sou corno, deixa eu tirar algum proveito disso. O corno é sempre o último à saber. Eu tive o privilégio de saber antes. Acho até que ninguém mais sabe. Só eu...  E agora tú.
-       Nem sei se é verdade. Tu quem tá dizendo...
-       Faz tempo já.
-       Tu não sente ciúmes?
-       Ciúme é sinal de insegurança. Eu não preciso desconfiar dela, eu sei...
-       ...
-       E ele é legal com ela. Trata ela bem, dá presentes, não muitos pra não dar na vista, mas ta me economizando uns pilas...
-       Sei...
-       E tem outra; ela anda um doce comigo. Cheia de gentilezas, fazendo tudo o que eu quero e mais um pouco. Nem reclama mais do nosso futebol.
-       Capaz...?!?!
-       Mais uma coisa, ta com a libido a mil. Um monte de coisas que ela não gostava e não fazia, agora faz e gosta. E pede! Acho que foi ele quem ensinou. Sabe como é...
-       Não sei não!
-       ...
-       hmmm...
-       Que foi?
-       Tava pensando...
-       O que?
-       A Nadinha...
-       A tua mulher?
-       É...
-       Que que tem?
-       Ela anda tão gentil comigo... Me assediando na cama.
-       Sei...
-       Que foi?
-       Sei lá... Há quanto tempo ela não te pede nada?
-       ...


Esta é uma obra de ficção.
Qualquer semelhança com nomes, datas e/ou acontecimentos reais terá sido mera 
coincidência, principalmente em relação à minha namorada (espero), e à
minha sogra, a quem adoro e que não se encaixa de forma       
alguma no estereótipo comum de sogra.            
Um Beijo Dna Marlene.           
  

Aquele abraço!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Trabalho

O jornal de domingo chega no sábado à tarde, mas deixo para ler no domingo mesmo. De manhã, bem cedinho. Tomando café ou chimarrão, aproveito para ler, bem sossegado. Mas o prazer desta leitura resume-se a quatro ou cinco colunistas; o resto eu dou uma passada de olhos.

No meio daquele monte de papel, entre anúncios classificados, propagandas e notícias velhas, meia dúzia de páginas salva o jornal. Mesmo assim vale à pena. É um luxo ao qual me dou o direito.

Recentemente um destes colunistas escreveu sobre o porquê de gostarmos do que gostamos.

Taí uma reflexão interessante.

Às vezes gostamos de várias coisas pelo mesmo motivo ou, de uma mesma coisa por motivos diversos. Com as atividades também é assim; fazemos ou deixamos de fazer coisas por interesse ou pela falta dele.

Esta reflexão suscita uma outra: Até que ponto gostamos do que fazemos ou fazemos aquilo que gostamos?

No trabalho, por exemplo, fazer o que gosta ou gostar do que faz, não são, obrigatoriamente a mesma coisa. Gostar do que faz pode ser apenas consequência da capacidade de adaptação extremada pela necessidade; costume, acomodação. Fazemos aquilo por tanto tempo que se torna fácil; ou, numa perspectiva distorcida, turvada pelo comodismo, aquilo é o melhor que podemos conseguir, então aceitamos como bom.

Pode-se gostar do que faz por uma série de fatores correlatos que abrandariam ou mascarariam certa insatisfação com o trabalho em si ou situações decorrentes dele.

Fazer o que gosta me parece ser um pouco diferente disto. Sentir prazer em pequenas conquistas, olhar orgulhoso para um trabalho bem feito, alegrar-se com a satisfação do cliente, com o prazo cumprido. Estar à vontade no seu posto de trabalho, com suas ferramentas, equipamentos; cuidar deles e tentar melhorá-los; conviver com os colegas ao invés de duelar com cada um deles; tudo isso passa a ser parte do dia a dia quando se faz o que gosta.

Acordar na segunda-feira como em qualquer outro dia; retomar o trabalho tranquilo e esperançoso por mais uma semana de trabalho, ao invés de encarar como o condenado que volta ao cárcere, do indulto de final de semana.

Eu gosto muito do que faço e faço uma coisa que gosto. Gosto de fazer outras coisas também, mas meu trabalho é, na maior parte do tempo um prazer.

Tenho ótimos colegas, incluindo as chefias; o ambiente da empresa é bom, o trabalho é bom, o salário é bom... quer dizer, o salário poderia ser melhorzinho, mas disto trataremos em outro momento, depois de, desinteressadamente publicar esse texto.

Aquele abraço!

sábado, 1 de janeiro de 2011

Feliz Ano Novo!!!

2011, quem diria...

No ano que vem termina tudo.

Segundo o filme aquele, 2012 é o último ano do calendário Maya e 21 de Dezembro é o dia.

Quando começou esse papo de fim do mundo em 2012, nem dei muita bola, como de costume, tanto que não sabia dos detalhes da previsão, então, pesquisei agora rapidinho e achei isso: “A causa dessa destruição prevista nos atuais boatos espalhados na internet seria Nibiru, também chamado de Planeta X, um corpo celeste que teria sido descoberto pelos sumérios. O impacto com a Terra seria precisamente na data em que o calendário Maia termina”. Um desmentido da NASA de 2009.

Putz, desde a época dos Sumérios, que sumiram há uns 4 mil anos isso já era sabido. Porque então nos deixaram fazer tantos planos? Temos menos de 2 anos pela frente.

Nem precisamos mais separar o lixo ou utilizar eco-bag’s para proteger as tartarugas. Evitar exposição ao sol ou usar protetor solar, pra que? Antes que o câncer de pele se manifeste o mundo já terá acabado mesmo...

Ta, mas e a Era de Aquárius? Nova onda, Nova Ordem Mundial, tudo balela?

Toda aquela onda que a gente ouviu até hoje, desde o final dos anos 60 vai por água abaixo? Vai ver é por isso que se chama Aquárius...

Acho que se juntarmos tudo isso num caldo bem misturado é capaz de dar samba, mas aí com boas novas.

Talvez 2012 seja um marco para um recomeço, uma reforma geral, com mudanças profundas. A natureza retomando o controle e obrigando o homem a se adaptar novamente, desta vez com mais consciência. Será? Acho que estou pedindo demais.

O mais provável é que, talvez isso tudo seja um simbolismo mal interpretado pelos fatalistas de plantão.

Pode ser que o “calendarista” dos Maya tenha ido ao banheiro ou fumar um cigarro bem na hora da invasão dos espanhóis, aí não pôde continuar com os calendários que iriam até 4024, 6036...

Melhor deixar pra lá, até porque não se tem muito que fazer. Só tentar melhorar como pessoa, já que o fim dos tempos pode estar chegando. Juízo final, aquelas coisas...

Viver bem um ano de cada vez, um dia depois do outro sendo e fazendo as pessoas felizes na medida do possível; continuar cantando “muitos anos de vida” nos aniversários, mesmo que não role...


Aquele abraço e FELIZ ANO NOVO!!!