domingo, 15 de agosto de 2010

Encontros


Amigos a gente encontra, a vida não é só aqui. Repare naquela estrada, a que distância nos levará...

Estes versos, parte da música Quem Me Levará Sou Eu, do Luiz Gonzaga ou Dominguinhos (o Google não soube me dizer com precisão), sugerem certa facilidade em encontrar amigos. Tudo bem, é fácil mesmo. Para o Gonzagão, sendo quem era; além de famoso, uma figura simpática e sorridente, devia ser mais fácil ainda; só que leva algum tempo até estes amigos que a gente encontra pela estrada tornarem-se amigos de verdade.

Para não classificar apenas alguns poucos como amigos, segregando outros, a gente cria uma escala secreta. Uma graduação para as amizades que pode ser mais ou menos assim: amigasso, amigão, amigo do peito, amigo, conhecido, colega, vizinho-de-porta, vizinho-de-vista, “ouvi falar” e cunhado.

Eu tenho muitos amigos. Muitos mesmo. Preciso mais do que uma mão para contá-los nos dedos. Aqueles a quem considero amigos de fato e que o são de direito. Pessoas a quem confiaria a chave do cinto de castidade da minha rainha.

Não vou citá-los, obviamente, para não ferir suscetibilidades e também para não ter que arcar com a declaração anterior. Eles sabem quem são, assim como eu sei quem me considera amigo.

Pessoas entre as quais não existe distância, física ou temporal capaz de gerar afastamento. Que não se ofendem com as piores ofensas. Que torcem pelo time aquele e mesmo assim são meus amigos. Gente que já me salvou, que eu já salvei. Gente que não te pede pra juntar o sabonete no vestiário.

Sei que já escrevi sobre este mesmo tema há pouco tempo. Por favor, me desculpem pela repetição. É que fico muito comovido quando penso nisso e lembro que tenho outra família além da minha família. Outros irmãos além dos meus irmãos “de sangue”.


Obrigaduuu...!


Aquele abraço!



domingo, 25 de julho de 2010

A mente quieta, a espinha ereta e o coração tranquilo...


Uns tomam coca light, outros zero.

Uns vigiam o peso, outros ganham.

Uns separam o lixo, outros reciclam.

Uns reciclam o lixo, outros digerem.

Uns segregam, outros agregam.

Uns condenam, outros conversam.

Uns observam, outros absorvem.

Uns contemplam, outros completam.

Uns navegam, outros aportam.

Uns viajam, outros racionalizam; mantém os pés no chão e a mente focada, o que não é o meu caso. Fico mais para viajante. Não fisicamente, mas um viajante mental, se é que da pra dizer isto.


Achei interessante o que uma prima-cunhada falou em um encontro familiar esses dias, ao ser questionada sobre qual refri beberia:


- Tem guaraná normal e Zero, qual tu prefere?

- Zero! Esta hipocrisia eu preciso manter... Respondeu ela sorrindo.


Foi apenas uma forma bem-humorada de dizer que, no fundo ainda mantinha a esperança e a confiança em si mesma. Que apesar de todos aqueles salgadinhos e docinhos, a determinação dietética jazia adormecida em algum recanto da sua alma.


Acho que é bem isso, né? A gente tenta e acredita sinceramente que um dia vai conseguir, seja o que for aquilo que ainda não conseguiu; emagrecer, parar de fumar, começar a dançar, separar o lixo, ser mais legal, menos trouxa, qualquer coisa que exija mais do que meter a mão no bolso e mandar trazer.


Temos a sincera convicção da força de vontade necessária, a determinação, a coragem, então começamos. Tomamos a iniciativa e seguimos todos os passos que sabemos necessários naquela direção para alcançar nosso objetivo. Estamos fazendo tudo certo, mas demora muito! Demora tanto que resolvemos dar uma checkada, e aí constatamos que, o que fizemos, mesmo com toda a boa vontade, não era bem o que deveria ter sido feito.


E agora? Desisto de tudo? Recomeço? Sento e choro?


Podemos ter a mesma atitude da Ana; relaxar e deixar pra continuar mais tarde, mantendo a postura e a esperança. Podemos enlouquecer e desistir de tudo, mandar tudo às favas. Podemos parar para avaliar os erros e acertos, e começar tudo de novo; com tranquilidade ou mesmo no desespero. Cada pessoa reage à sua maneira, independentemente do tipo de situação ou da gravidade dela.


Particularmente, prefiro relaxar e decidir com serenidade e sabedoria. Óbvio que, na maioria das vezes a sabedoria fica pelo caminho, mas a serenidade eu costumo manter. Relaxa, respira fundo, alinha a coluna e vam’bora...


Aquele abraço!


sexta-feira, 9 de julho de 2010

Metamorfose Ambulante


À partir dos anos 80, com o advento da Abertura Democrática e o enfraquecimento da ditadura, os movimentos sindical e estudantil, assim como a sociedade em geral, aos poucos foram recobrando sua força e retomando seu antigo ímpeto batalhador; mudando de atitude, reaprendendo a reivindicar seus direitos e cobrar os deveres do estado. Neste cenário, onde os movimentos de esquerda ganhavam cada vez mais força com o (re)aparecimento de partidos e centrais sindicais, o povo ganhou voz, personificado em alguns líderes.

À medida que estes líderes sindicais ou políticos cresciam e ganhavam força, a mídia oficial intensificava campanhas difamatórias contra eles.

Algumas expressões até então pouco usadas tornaram-se de uso comum. Por exemplo, estas pessoas que apareciam lutando pelos direitos do povo, dos trabalhadores, dos sindicatos que representavam e mais tarde nos partidos políticos que criaram ou aos quais passaram a pertencer, foram rotulados como “radicais”. Os radicais de esquerda, os sindicalistas radicais, ativistas radicais e mais um monte de “radicais” por aí.

Os meios de comunicação em geral sempre usaram analogias negativas associadas ao adjetivo “radical” e isto foi sendo fixado de tal forma que hoje em dia se alguém for reconhecido como tal, pode ter sua integridade física ameaçada.

Ouvindo Raul Seixas, Metamorfose Ambulante, lembro de uma frase dita por uma professora em um debate que assisti na TVE. Não lembrarei o nome dela, nem da apresentadora, muito menos do programa, pelo que peço desculpas, mas lembro da mensagem. Ela dizia mais ou menos assim: “Me criticam por ser radical. Eu assumo e afirmo que devemos ser radicais nas nossas convicções; o que não podemos é ser intransigentes.”

Intransigência é quase um crime. Sequer considerar a opinião alheia, ter razão sempre; acima de tudo e de todos.

Sejamos radicais, portanto, na luta por nossos ideais, nossos direitos, nossos sonhos, no combate à corrupção, ao abuso, a tudo que nos seja prejudicial, enquanto indivíduo ou coletivo. Radicais na busca da nossa realização pessoal, profissional ou social; radicais no amor à família, ao próximo, ao ser humano, à natureza, ao país, mas nunca intransigentes, intolerantes com quem nos é contrário ou nos prejudica. Saibamos respeitar opiniões, por mais diversas ou divergentes que sejam.

Vivamos esta metamorfose constante em busca do aperfeiçoamento, do crescimento, do amadurecimento; transformando idéias, evoluindo, crescendo...

"Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás. Hay que radicalizar, pero, sin perder la razón, jamás".


Aquel abrazo!


terça-feira, 8 de junho de 2010


Divagando


Esses dias o Luis Fernando Veríssimo “queimou” uma idéia minha. Escreveu uma crônica sobre algo que eu estava pensando.

Sobre não ter assunto para escrever...

Claro que no caso dele, deve ter sido apenas uma brincadeira, ou algo só para me provocar. No meu caso seria realidade, pois estava sem imaginação, sem assunto mesmo.


Já pensou, se algumas pessoas que leram esta crônica dele, porventura lessem a minha com o mesmo assunto. Quantas acreditariam que foi por acaso; por pura coincidência? Nem mesmo eu acreditaria...

Por isso abandonei aquele projeto. Não poderia correr este risco, mas, tudo bem; compartilhar uma idéia com um dos meus ídolos literários já é uma honra, mesmo que ele nunca venha a saber disto. Então cedi-lhe a exclusividade.


Imagine um caldo efervescente de onde soltem-se bolhas vez por outra. Algumas subindo e caindo novamente, esperando nova oportunidade de voar; outras subindo um pouquinho e explodindo no ar. Umas caindo e estourando no chão. Apenas algumas, poucas delas, mais fortes, mais bem formadas, subindo mais e mais, ganhando altura, sumindo da visão.

Assim surgem e assim são as idéias. Quando a gente menos espera, “plop”; surge uma idéia, um assunto. Às vezes alçando voos ousados, difíceis de controlar, outras vezes enfraquecendo logo na subida, frustrando espectativas, perdendo o sentido, como as bolhas que estouram no chão.

Às vezes a gente tenta mantê-la no ar, assopra, abana, mas a bolha cai alí adiante. Por mais empenho que tenhamos, por mais que perseveremos, a idéia mingua e não passa de umas poucas linhas sem sentido, sem razão, sem vida.


Poxa, acabei escrevendo um monte sobre o que não era o assunto. O meu problema agora, e resolvi escrever logo antes que “ele” queira me imitar de novo, é saber e lembrar se já escrevi algo parecido ou igual antes. São tantos textos e o cérebro, afinal, é o mesmo e já não é mais o mesmo de tempos atras. Consulto o arquivo do blog para me certificar que seja inédito.


Não pensem que estou só enchendo “murcilha”. Isso acontece e já tive textos descartados por repetição. Desenvolvi quase todo e quando me dei por conta estava falando as mesmas coisas sobre o mesmo tema.

Claro, existem assuntos que vão e voltam, mas a repetição é sempre entediante. Sou chato, lembram? Mas não por este motivo.


Bem, eu, assim com o mestre LFVeríssimo, consegui chegar até o final, escrevendo muita coisa sem dizer quase nada.

Tomem cuidado com escritores assim...


Aquele abraço!



segunda-feira, 24 de maio de 2010


Vai um cafezinho?


Sabe, sou meio chato. Alias, acho que sou bem chato. Alguns dizem que sou muito chato, outros, que sou extremamente chato, mas a maioria concorda, desconsiderando o grau, que a chatice é uma caracterísica forte da minha personalidade. Existe uma minoria ainda em dúvida.

Por exemplo, gosto muito de café, mas, como é difícil achar um café bom..! Quando falo em café, não refiro-me apenas ao líquido que sorvemos, sorveríamos ou sorveremos (gostei de escrever isso), mas ao evento, com todos os detalhes que o envolvem, precedem e sucedem (também gostei de escrever isso).

Desde o momento em que a idéia começa a se formar no subconsciente, até a parte do “vamos tomar um café?”, chegando ao “Ahhh...” ou “Hmmm...” que nos escapa ao degustarmos, quente, perfumado e saboroso o nosso café. Porém, encontramos cada vez mais dificuldades na busca desta satisfação. Me avisaram que com a idade o prazer daria mais trabalho e o trabalho mais prazer, mas não que isso atingiria o meu cafezinho...

Temos alguns bons cafés (café casa, não café bebida), em Porto Alegre, mas às vezes é difícil encontrá-los. Quando o lugar é bom, o café é ruim; quando o café é bom, o atendimento é meia-boca; Uns têm espaço para fumantes, outros SÃO o próprio espaço para fumantes, uns têm jornais e revistas, outros têm jornais e revistas velhos...

Claro, quem toma um cafezinho só “pra esquentar” ou “pra fumar”, geralmente não da muita bola a detalhes como estes, mas se quer um lugar para sentar e tomar aquele Café Ritual, aí o negócio é diferente.

Como voces estão percebendo, sou mesmo chato, mas não sou intransigente. Relevo muitos destes dissabores quando o café (bebida), é bom, bem preparado e saboroso, mas nada é suficientemente atenuante para um café ruim.

Para meu deleite, de uns tempos para cá, estas casas proliferaram e temos muitas opções em qualquer ponto da cidade. Em todos os shoppings existem várias cafeterias; em alguns pontos da cidade temos cafés na rua, junto a livrarias, enfim, espraiados pela nossa capital, então podemos buscar o café perfeito e até transformar esta busca em mais uma atividade de lazer.

Na Cidade Baixa, onde trabalho agora, procurei muito até encontrar um lugar para o meu café pós-almoço, porque café de restaurante, cá pra nós, não dá pra encarar. Faço uma referência, não, uma reverência ao Principado de Astúrias Café, na Fernando Machado, próximo à Borges, onde se toma um café forte e encorpado como deve ser o bom expresso, muito bem preparado pelo proprietário, o Seu Francisco Rodriguez, um espanhol simpático que veio lá da região de Astúrias preparar este cafezinho gostoso pra gente.

Ali posso, descansadamente, tomar meu café sob as árvores, num clima perfeitamente afinado com a região do Centro Histórico de Porto Alegre.

Em nome dos admiradores de café, peço que prestem atenção quando forem tomar um cafezinho; ao sabor, ao aroma; sorvam com cuidado, sem alterar o sabor com açúcar ou adoçantes, e principalmente, exijam que seja preparado com o devido respeito.


Aquele abraço.